Post distorce fala de 2022 em que William Waack criticava declarações de Bolsonaro sobre urnas

  • Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 22:36
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  • Por AFP Brasil
Não é verdade que o jornalista William Waack tenha dito que o Brasil “elege seus dirigentes políticos com urnas fraudulentas” em 11 de fevereiro de 2025, ao contrário do que alegam publicações com centenas de interações nas redes sociais. O trecho compartilhado nas redes é antigo, de 18 de julho de 2022, e omite o contexto original da fala do jornalista. Na ocasião, ele criticava o fato de o então presidente Jair Bolsonaro (PL) ter convocado embaixadores estrangeiros para uma reunião na qual questionou, sem apresentar provas, o processo eleitoral no Brasil.

Na gravação, compartilhada no Kwai e no Facebook, o jornalista William Waack diz: “O mundo está sabendo, a partir de hoje, oficialmente, que o Brasil, o nosso país, é uma republiqueta. Uma republiqueta que elege os seus dirigentes políticos com urnas fraudulentas. E insiste, essa republiqueta, nessa prática nefasta”.

Sobreposta às imagens há a data “11/02/2025”.

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Captura de tela feita em 20 de fevereiro de 2025 de uma publicação no Kwai (.)

No entanto, a gravação não é recente e o contexto do comentário de Waack foi omitido.

Uma pesquisa no Google por palavras-chave exibiu um vídeo publicado em 18 de julho de 2022 no canal da CNN Brasil no YouTube intitulado “Waack: O mundo está sabendo a partir de hoje que o Brasil é uma republiqueta”.

Na íntegra da gravação, cuja transcrição também foi publicada no site da CNN Brasil, o jornalista criticou a posição do então presidente Jair Bolsonaro de convocar embaixadores estrangeiros para uma reunião, realizada no mesmo dia 18 de julho de 2022, na qual questionou, sem apresentar provas, o processo eleitoral no Brasil.

Waack diz que o próprio mandatário do país “se encarregou de denunciar o sistema eleitoral brasileiro para o resto do mundo”. E continuou: “Jair Bolsonaro usou o Palácio da Alvorada, a TV Brasil e convocou alguns de seus ministros para esse palanque pré-eleitoral. Usou dados falsos e versões já desmentidas para atacar os tribunais superiores e também o seu principal adversário político”.

Na sequência, Waack complementa: “Nada do que Bolsonaro disse é novo, mas ele conseguiu um feito único. Ele se transformou no primeiro caso em tempos modernos nos quais um mandatário, chefe de governo, chefe de Estado, convoca o resto do mundo para emporcalhar a imagem do seu próprio país”.

Em 30 de junho de 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou Bolsonaro a oito anos de inelegibilidade por prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante a reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros. 

Em 18 de fevereiro de 2025, a Procuradoria Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). De acordo com a PGR, o encontro de Bolsonaro com embaixadores foi um “passo a mais na execução de permanência no poder”.

Nunca houve comprovação de fraude na urna eletrônica, usada pela primeira vez nas eleições municipais de 1996.

O AFP Checamos já verificou outras alegações que questionam a segurança das urnas eletrônicas (1, 2, 3)

Este conteúdo também foi verificado pela Reuters

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