FAB anunciou repatriação de brasileiros no Líbano, não “risco” de entrar em guerra no Oriente Médio

  • Publicado em 15 de outubro de 2024 às 20:42
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Em setembro de 2024, o conflito entre Israel e Hezbollah se intensificou com o envio de tropas israelenses da Faixa de Gaza para a fronteira com o Líbano, onde Israel anunciou ter lançado uma ofensiva terrestre. Nesse contexto, publicações com mais de 627 mil visualizações nas redes sociais afirmam que autoridades brasileiras discutem a entrada do país na guerra. Mas o conteúdo viral tira de contexto uma declaração do comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcelo Kanitz, sobre a repatriação de brasileiros que vivem no Líbano.

“Autoridades do Brasil discutem se vão pra guerra. Brasil corre sério risco de entrar em guerra”, é a frase sobreposta ao vídeo compartilhado no Facebook, no Kwai e no TikTok

Ao longo da gravação, é possível ver o logo da AFP no canto inferior esquerdo da tela e a identificação do comandante da FAB, Marcelo Kanitz, durante um pronunciamento, no qual ele diz: “Estamos com a aeronave KC-30 já estacionada desde ontem pela manhã em Lisboa, na base aérea em Lisboa, aguardando, então...”.

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Captura de tela feita em 14 de outubro de 2024 de uma publicação no TikTok
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As publicações fazem referência ao conflito vivido no Oriente Médio desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Recentemente, o combate se intensificou na fronteira entre Israel e o Líbano, devido ao apoio do movimento Hezbollah ao grupo islamista palestino. 

Após quase um ano de troca de disparos na fronteira, o Exército israelense intensificou seus bombardeios contra o território libanês em 23 de setembro e, uma semana depois, lançou uma ofensiva terrestre.

Mas o vídeo compartilhado nas redes não mostra o comandante brasileiro discutindo uma participação do Brasil no conflito. 

Uma pesquisa por “Marcelo Kanitz” na página da AFP no YouTube exibiu o vídeo viralizado, publicado em 3 de outubro de 2024. Na verdade, a gravação noticiava uma operação da FAB, chamada de Raízes do Cedro, para repatriar brasileiros que se encontram em solo libanês. 

Na ocasião, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o ministro da Defesa, José Múcio, e o comandante da Aeronáutica, Marcelo Kanitz, concederam uma entrevista coletiva detalhando a operação.

A íntegra da coletiva foi publicada na página do Ministério das Relações Exteriores no YouTube. Em nenhum momento durante a entrevista as autoridades falam sobre uma eventual entrada do Brasil no conflito.  

Após o trecho compartilhado nas redes, em que Kanitz comenta sobre a aeronave que estava em Lisboa, ele segue informando que o voo aguardava “autorização para uma janela já confirmada” para pousar em Beirute, onde permaneceria por apenas quatro horas. 

Na sequência, ele complementa informando sobre a logística dos próximos voos. “Nós planejamos também próximos voos (...) com as lições aprendidas tanto daquela operação de resgate no Líbano e, principalmente, das últimas lições aprendidas do resgate que fizemos tanto em Tel Aviv quanto no Cairo, quando trouxemos brasileiros que estavam na Faixa de Gaza”.

Ao ser questionado sobre os critérios para a seleção de repatriados, o ministro da Defesa José Múcio afirmou que trata-se de uma operação humanitária feita em conjunto com a diplomacia brasileira: “Nós estamos querendo salvar vidas, nós não estamos tomando nenhum posicionamento político. Nós estamos querendo trazer os brasileiros”.

Em nota, o Palácio do Planalto informou que, até 14 de outubro de 2024, 1.105 pessoas e 14 animais de estimação foram resgatados desde o início da operação Raízes do Cedro.

Assim como o Brasil, autoridades de outros países estão retirando seus cidadãos do Líbano após a escalada do conflito.

Este conteúdo também foi verificado pelo UOL Confere

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