Vídeo não mostra atirador de Donald Trump dizendo "corte a garganta dos republicanos"

Após o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump sofrer uma tentativa de assassinato durante um comício no último dia 13 de julho, publicações nas redes sociais com mais de 3 mil visualizações compartilham um vídeo que supostamente mostra o atirador gritando “corte a garganta dos republicanos”. Porém, a sequência é antiga e mostra um então estudante da Universidade do Arizona, e não Thomas Matthew Crook, identificado pelas autoridades do país como autor do crime.

“Vídeo antigo de Thomas Matthew. Bandidos tendo um colapso e gritando que querem cortar a garganta dos republicanos no campus do estado do Arizona , onde ele era estudante”, diz a legenda de um vídeo que circula no Telegram, no Facebook e no X.

A sequência mostra um homem gritando em inglês “cortem gargantas republicanas”, “morte aos fascistas” e outros insultos. O conteúdo também circula em inglês e espanhol.

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Captura de tela feita em 16 de julho de 2024 de uma publicação no Telegram (.)

As postagens começaram circular nas redes sociais depois que as autoridades norte-americanas identificaram Thomas Matthew Crooks, do distrito de Bethel Park, na Pensilvânia, como o homem que atirou contra Trump de um telhado próximo durante um comício em 13 de julho, no Condado de Butler. 

Crooks atingiu Trump na orelha, matou um espectador e feriu gravemente outras duas pessoas antes que uma equipe de atiradores do Serviço Secreto o matasse.

Contudo, o vídeo é antigo e não tem relação com a tentativa de assassinato de Trump.

Uma busca reversa de imagens levou a uma versão mais nítida da mesma filmagem publicada em reportagens de fevereiro de 2020 sobre um homem ameaçando um grupo de estudantes na Universidade do Estado do Arizona (ASU, na sigla em inglês).

A organização Students for Trump, da mesma universidade, postou a filmagem pela primeira vez no X em 5 de fevereiro de 2020.

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Captura de tela feita em 15 de julho de 2024 de uma publicação no X (.)

Bryan Bouchard, oficial de informação do Departamento de Polícia da Universidade Estadual do Arizona, disse à AFP que as alegações que tentam vincular as imagens a Crooks são incorretas.

“Posso confirmar que o homem do vídeo de 2020 não é o mesmo indivíduo do tiroteio na Pensilvânia”, disse Bouchard, sem citar o nome da pessoa na gravação. “O indivíduo do vídeo de 2020 era estudante na época do incidente, há quatro anos”.

Depois que a AFP entrou em contato, o presidente da Universidade do Estado do Arizona, Michael Crow, divulgou um comunicado denunciando as alegações como “absurdas”.

“Para ser claro, o indivíduo que tentou assassinar o ex-presidente Trump não tinha nenhuma associação com a ASU e não era a pessoa vista em um vídeo no campus da ASU há quatro anos”, reiterou Crow.

“A ASU concluiu sua investigação em 2020, em conjunto com o FBI, e determinou que o sujeito do vídeo não era uma ameaça crível — e essa pessoa tem um nome e uma data de nascimento diferentes do suspeito da tentativa de assassinato do ex-presidente Trump no fim de semana.”

Além disso, Crooks estaria no ensino médio na época. De acordo com o Distrito Escolar de Bethel Park, ele se formou em 2022.

Ex-colegas de classe disseram à mídia norte-americana que o suposto atirador era quieto e solitário, e que era vítima de bullying.

Suas inclinações políticas ainda não estão claras. Meios de comunicação indicam que ele era um republicano registrado, mas que anteriormente deu dinheiro a um comitê de ação política progressista.

A AFP verificou outras alegações sobre a tentativa de assassinato de Trump.

Referências

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