É falso que Luciano Hang enviou ao RS a mesma quantidade de aeronaves que a FAB

  • Publicado em 13 de maio de 2024 às 21:54
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
O Rio Grande do Sul sofre com fortes chuvas, que causaram alagamentos e a morte de mais de 140 pessoas. Diante disso, publicações que somam mais de 98 mil visualizações desde 4 de maio de 2024 afirmam que o empresário Luciano Hang, dono da rede varejista Havan, enviou “o mesmo número de helicópteros” para prestar auxílio ao estado que a Força Aérea Brasileira (FAB). Desde 2 de maio, dois helicópteros do empresário ajudam no resgate de vítimas nas regiões atingidas. Mas a FAB atua no estado desde 30 de abril, por meio da Operação Taquari II, com cinco helicópteros, 12 embarcações e 45 viaturas.

“Neste momento, Luciano Hang tem o mesmo número de helicópteros que a FAB inteira, ajudando no RS!”, afirmam publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no LinkedIn, no YouTube, no TikTok, no Kwai, no Telegram e no X.

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Captura de tela feita em 9 de maio de 2024 de uma publicação no X (.)

O conteúdo circula após fortes chuvas atingirem o Rio Grande do Sul, afetando mais de 400 cidades no estado. De acordo com boletim publicado em 13 de maio de 2024 pela Defesa Civil gaúcha, 147 pessoas morreram, mais de 80 mil pessoas estão em abrigos, há mais de 538 mil desalojados e foram resgatados mais de 10 mil animais em razão dos temporais que atingem o estado desde o final de abril.

Algumas mensagens compartilham o print de uma publicação no X feita por Bruno Souza, ex-deputado estadual pelo Partido Novo em Santa Catarina, em 4 de maio, e depois eliminada. Mas outra publicação compartilhada por Souza em seu perfil no Instagram exibe as imagens das aeronaves com o texto mencionando Hang sobreposto.

Como resposta ao conteúdo eliminado no X, o ex-deputado fez outra publicação no mesmo dia, em que compartilha a captura de uma reportagem do portal Terra, feita em 1º de maio, sobre resgates a vítimas das enchentes. Souza destacou o trecho da matéria que afirmava que a FAB havia colocado em ação “dois helicópteros H-60 Black Hawk”

Os dois helicópteros citados na reportagem atuaram no resgate de uma família na região da Candelária. O texto, no entanto, fala especificamente sobre resgates, e não indica outros veículos da Força Aérea empregados nos esforços para evacuações aeromédicas, distribuição de água, alimentos e donativos e auxílio na recuperação da infraestrutura danificada, funções previstas também na Operação Taquari II, cujos esforços aéreos são coordenados pela FAB. 

Em 4 de maio, data do início de circulação do conteúdo viral, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República informou que a FAB atuava com nove aeronaves, 98 embarcações e 70 viaturas no estado, mobilizando 936 militares, dentro da Operação Taquari II – iniciada em 30 de abril.

Em nota publicada posteriormente, cuja última atualização foi em 9 de maio, a Secom informou que o esforço de resgate  contava com 42 aeronaves, 243 embarcações e 2.500 viaturas. A ação envolve mais de 15 mil militares, policiais e agentes, segundo informou.

Desde o início da mobilização, a ação do governo possui mais veículos em operação do que Hang. Na noite de 30 de abril, 626 militares, 12 embarcações, 5 helicópteros e 45 viaturas já estavam atuando no Rio Grande do Sul, segundo boletim do Ministério da Defesa com números atualizados no dia 2 de maio.

Ao Comprova, projeto do qual o AFP Checamos faz parte, a Havan confirmou que conta com duas aeronaves envolvidas nas ações de resgate. Até a manhã de 6 de maio, foram realizados mais de 300 pousos e decolagens, tendo sido transportados 23 pacientes para hemodiálise e 12 médicos para atendimentos. Os helicópteros também já transportaram alimentos e água, e deram apoio no transporte de tropas da polícia e dos bombeiros.

O Comprova também entrou em contato com o ex-deputado catarinense Bruno Souza, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

Esse texto faz parte do Projeto Comprova. Participaram jornalistas do Correio Braziliense e A Gazeta. O material foi adaptado pelo AFP Checamos.

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