Vídeo de drone preso em fiação não mostra projétil lançado contra Israel e caído no Iraque

Em 13 de abril de 2024, após meses de tensões crescentes, o Irã lançou um ataque direto contra Israel, em represália a um atentado atribuído ao país contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria, em 1º de abril. Segundo Israel, centenas de drones e mísseis foram lançados pelo Irã, mas quase todos foram interceptados. Desde então, publicações visualizadas mais de 242 mil vezes nas redes sociais compartilham um vídeo de um drone preso em fios elétricos, alegando se tratar de um equipamento iraniano caído no Iraque. Mas isso é falso: a filmagem é de fevereiro e foi feita na Síria. 

“O Irã enviou um drone em direção a Israel, mas acabou preso em linhas de energia elétrica no Iraque”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no TikTok, no Kwai, no X e no Telegram

Alegações similares circulam em francês, inglês, árabe e azerbaijano.

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Captura de tela feita em 16 de abril de 2024 de uma publicação no Facebook (.)

Na noite de 13 de abril de 2024, o Irã lançou uma ofensiva inédita contra Israel em resposta a um bombardeio do consulado iraniano em Damasco no dia 1º de abril, atribuído ao governo israelense.

Israel afirmou ter “frustrado” a operação, interceptando, com a ajuda dos Estados Unidos, do Reino Unido, da França e de outros países, 99% dos mais de 350 projéteis — drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro — que se dirigiam ao seu território.

Apenas poucos mísseis “atingiram levemente” uma base militar, que permaneceu em operação, de acordo com o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari. Os bombardeios iranianos deixaram 12 feridos, entre eles uma menina de 7 anos que precisou de cuidados intensivos. 

Por outro lado, a agência iraniana Irna reportou “sérios danos na principal base aérea do Negev”, no sul de Israel.

Contudo, um vídeo em que um drone militar aparece preso em uma fiação não mostra um equipamento iraniano que teria caído no Iraque a caminho de Israel.

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(AFP)

Vídeo antigo 

Uma busca reversa por fragmentos do vídeo no Google levou a outras gravações e imagens do drone publicadas nas redes sociais (1, 2) em 20 de fevereiro de 2024 — mais de um mês antes do ataque realizado pelo Irã. Nas legendas e descrições, os usuários indicam que o equipamento seria um drone não identificado que teria caído na Síria. 

Uma pesquisa no Google pelas palavras-chave, em árabe, “drone iraniano” e “fios elétricos” levou a uma publicação de 21 de fevereiro de 2024 da rede de televisão da oposição síria Syria TV. Segundo a matéria, as imagens mostram um “drone iraniano” sobre um “cabo telefônico” que teria sido filmado no nordeste da Síria, na província de Hasakeh. O veículo reportou que o aparelho poderia pertencer a facções pró-Irã e teria sido lançado para bombardear uma base da coalizão internacional para combater o Estado Islâmico (EI) na Síria.

Ataques contra a coalizão internacional

O nordeste sírio, que inclui a província de Hasakeh, é controlado parcialmente desde 2012 pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), que se opõem ao regime de Bashar al-Assad. Dominadas pelos curdos e contendo facções árabes e cristãs siríacas, as FDS lideraram a luta contra o EI.

Forças norte-americanas são disponibilizadas como parte da coalizão internacional anti-EI através de diversas bases militares situadas em zonas controladas pelos curdos.

Desde meados de outubro, mais de 165 ataques de drones e disparos de foguetes tiveram como alvo soldados norte-americanos da coalizão internacional antijihadista no Iraque e na Síria. Reivindicados majoritariamente pela “Resistência islâmica no Iraque” pró-Irã, os ataques ocorreram em um contexto regional explosivo, tendo como pano de fundo a guerra em Gaza entre Israel e Hamas.

Em 4 de fevereiro, sete combatentes das Forças Democráticas Sírias foram mortos em um ataque de drone a uma base dos Estados Unidos no leste da Síria, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). Uma semana antes, três soldados norte-americanos haviam sido mortos em um ataque na Jordânia, não muito longe da fronteira com o Iraque e a Síria. 

Em 2 de fevereiro de 2024, os Estados Unidos responderam realizando ataques contra 85 alvos em sete locais diferentes — quatro na Síria e três no Iraque — controlados pela Guarda Revolucionária da República Islâmica, exército ideológico do Irã, e grupos armados pró-iranianos. 

Referências

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18 de abril de 2024 Altera metadados do texto

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