Imagem de Messi e Epstein em ilha foi criada com inteligência artificial

Em 3 de janeiro de 2024, um juiz ordenou a desclassificação de documentos judiciais com nomes de pessoas ligadas a Jeffrey Epstein, falecido magnata norte-americano acusado de tráfico sexual de menores. A partir disso, publicações com mais de 12 mil visualizações nas redes sociais compartilham uma imagem de Epstein com o jogador de futebol argentino Lionel Messi em uma ilha. No entanto, especialistas indicaram à AFP que a cena foi criada com inteligência artificial, que apresenta inconsistências e que não há correspondência temporal na aparência de Messi.

Messi, como muitos outros, vendeu a alma pelo sucesso. Há milionários no futebol, em particular, que nem sequer seriam lavadores de louça no McDonald's sem a ajuda da cabala”, diz a legenda de uma das publicações que circulam com a imagem, compartilhada no Telegram, no Twitter e no Facebook.

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Captura de tela feita em 24 de janeiro de 2024 de uma publicação no Twitter (.)

As publicações começaram a circular depois de um juiz de Nova York ter desclassificado, em 3 de janeiro de 2024, documentos judiciais com as identidades de pessoas ligadas ao magnata norte-americano Jeffrey Epstein, que se suicidou em 2019 enquanto esperava ser julgado por crimes sexuais.

Os crimes teriam ocorrido em suas residências em Manhattan e Palm Beach, nos Estados Unidos, e em sua ilha particular no Caribe, Little St. James, para onde ele teria levado as jovens em um avião chamado “Lolita Express”. Nestes locais as vítimas afirmam que foram abusadas e até estupradas.

Várias celebridades, como o príncipe Andrew, do Reino Unido, foram ligadas ao caso. Mas, até o momento de publicação desta verificação, nenhum meio de comunicação informou a presença do nome de Messi nesses documentos.

Imagem gerada por inteligência artificial

Uma pesquisa reversa no Google Lens localizou a publicação mais antiga da imagem, compartilhada no X por um usuário que se dedica a fazer paródias, em 6 de janeiro de 2024.

Consultado pela AFP, o especialista e palestrante em inteligência artificial Matias Karlsson disse que a foto “foi claramente gerada pela inteligência artificial, que geralmente não é boa em criar textos e pequenos detalhes para tornar a imagem autêntica”. E acrescentou que alguns dos defeitos são “as mãos” e que o jogador de futebol “não apresenta tatuagens nas pernas”.

Na imagem é possível ver que o dedo médio da mão que aparece ao centro – e que pode ser tanto de Epstein quanto de Messi – aparece cortado.

O fotógrafo e editor de fotos Julián Bongiovanni acrescentou outra observação sobre a imagem: “A sombra da estrutura com telhado ao fundo não corresponde à de Messi e Epstein”. Além disso, ele apontou que “a baixa qualidade da imagem não permite o uso eficiente de programas que detectam IA, o que também é duvidoso”.

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Captura de tela feita em 24 de janeiro de 2024 de uma publicação no Telegram (.)

Por sua vez, Karlsson explicou que não há correspondência temporal em relação ao rosto de Messi e à falta de tatuagens na perna.

Em 2013, após a chegada do primeiro filho, Messi fez uma tatuagem (1, 2) na perna esquerda. Portanto, a foto deveria ter sido tirada antes deste ano. No entanto, antes de 2013, Messi não tinha a aparência exibida na imagem viral. Na verdade, ele tinha um corte de cabelo diferente e uma barba mais curta.

Assim estava Messi em 2012, segundo uma fotografia da AFP:

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Lionel Messi comemora durante jogo de classificação contra o Chile, para a Copa do Mundo 2014, em 16 de outubro de 2012 (AFP / Claudio Santana)

Epstein, por sua vez, foi acusado de tráfico e exploração sexual de menores entre 2002 e 2005.

Referências

  • Publicação na imprensa sobre a tatuagem feita por Messi em 2013 (1, 2)
Atualiza metadados
26 de abril de 2024 Atualiza metadados

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