Coluna da Folha de S.Paulo sobre criação do “Ministério de Todes” era de conteúdo satírico
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- Publicado em 17 de novembro de 2022 às 22:30
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- Por AFP Brasil
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“O CHORO É LIVRE! O PT quer: - criar Ministério TODES; - escolas conservadoras, virarão escolas COMUNISTAS. O Brasil é cheio de gente instruída, q não chegou a lugar nenhum”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, Instagram, TikTok e Twitter.
Em outra publicação, um usuário diz acreditar na notícia justamente por ter sido dada pela Folha de S.Paulo: “Acredite!! Essa é uma matéria real da folha de SP. Eu jurava que era meme, mas segue aí o link da matéria.”
O link contido em algumas publicações direciona para o site da Folha de S.Paulo, onde a coluna foi postada às 17h do dia 9 de novembro de 2022. Logo acima do texto, lê-se uma etiqueta com a palavra “humor”, que não é vista em algumas capturas de tela contidas nas publicações virais.
A autora usou na coluna um formato de “carta aberta” e disse, ironicamente, ser uma “patriota”, jargão normalmente utilizado pelos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao longo do texto, Flávia Boggio aborda algumas pautas que estiveram presentes no imaginário político brasileiro dos últimos anos (1, 2, 3), como: “escolas sem partido vão virar escolas comunistas, com ideologias de Paulo Freire e Charles Darwin”, que o Brasil vai virar uma Venezuela e “Lula vai fazer de tudo para disseminar o comunismo no Brasil”.
Em um parágrafo, ela acrescenta, de forma satírica: “O PT também já começou a ditadura LGBT. Recebi de fontes seguras do grupo de ‘zap’ do beach tennis que Pabllo Vittar vai assumir o Ministério da Mulher. Agora vai se chamar Ministério de Todes e vão nos obrigar a usar a linguagem neutra. O slogan do país vai ser ‘Deusa Acima de Todes’. Imaginem que horror.”
No mesmo dia da publicação da coluna, o jornal compartilhou o texto em sua conta no Twitter com hashtag “#HUMOR”.
A própria autora do texto também usou o Twitter para comentar o caso: “Achei que não fosse necessário avisar que o texto contém ironia. Grande erro”. No dia seguinte, em outra publicação, Flávia acrescentou: “Não vai ter Ministério de Todes. Podem dormir tranquilos.”
O AFP Checamos já verificou outras alegações envolvendo o uso de pronomes neutros oficialmente (1, 2).