Vídeo de indígenas protestando em Brasília em 2021 circula relacionado às eleições de 2022
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- Publicado em 10 de novembro de 2022 às 22:48
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- Por AFP Brasil
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“‘Marcha da resistência’, nossos irmãos indígenas manifestando sua insatisfação com o retorno ao poder da quadrilha petista sob o comando do maior corrupto do Brasil, o homem que vilipendiou os cofres públicos e enlameou a democracia”, diz uma das publicações que circulam no Twitter, TikTok, Kwai e Facebook.
Em outro tuíte, com mais de 6 mil compartilhamentos, um usuário afirma que o protesto teria acontecido na data de sua postagem, 7 de novembro de 2022, e que os indígenas estariam lá por não aceitarem o retorno do PT à Presidência da República sob a figura de Lula.
As publicações são acompanhadas por um vídeo que mostra indígenas caminhando e segurando cartazes. As postagens ganharam tração no momento em acontecem protestos em algumas partes do país contestando os resultados das eleições de 2022.
Mas a sequência não tem nenhuma relação com o pleito deste ano.
Protesto contra o marco temporal
Através da marca d’água presente no vídeo, o AFP Checamos conseguiu localizar a publicação original no TikTok, cuja data é 25 de agosto de 2021. Portanto, mais de um ano antes dos protestos que contestam a vitória de Lula.
Aos cinco segundos da sequência é possível ver um cartaz com faixas verde e amarela e os dizeres “terra protegida”.
Por meio de uma busca por palavras-chave no Google Imagens, o AFP Checamos encontrou cartazes semelhantes em uma matéria no site do Senado a respeito de uma manifestação que aconteceu em 25 de agosto de 2021, mesma data da publicação do vídeo original.
Naquele dia, cerca de 6 mil indígenas se reuniram em Brasília para protestar contra o marco temporal, que seria julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e poderia colocar em xeque centenas de terras indígenas pendentes de demarcação no país.
Em 15 de setembro de 2021, o julgamento foi suspenso pelo tribunal. Um ano depois, representantes indígenas se encontraram com a ministra Rosa Weber depois que ela tomou posse da presidência do STF. No encontro, a ministra prometeu que iria colocar o processo em pauta na sua gestão.