Não, este vídeo não mostra um parlamentar europeu rindo de um pedido de homenagem a Lula
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- Publicado em 9 de novembro de 2018 às 14:07
- Atualizado em 9 de novembro de 2018 às 18:17
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- Por AFP Brasil
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A descrição de uma das publicações que disseminaram a informação no Facebook é: “A Gleise Hoffman (sic) fez um pedido ao parlamento Europeu, que homenageasse Lula… Olha a resposta…”. Nas imagens, um homem, ao fazer um discurso no que parece uma casa legislativa, lê um texto em alemão e dá gargalhadas. Muitos usuários acreditaram na versão e um deles comentou: “Essa Gleisi não tem vergonha na cara, podia dormir sem essa”.
No entanto, trata-se de uma intervenção do então ministro de Finanças da Suiça, Hans-Rudolf Merz, no Parlamento helvético, no dia 20 de setembro de 2010. Merz, que se retirou do cargo dias depois, por motivos de saúde, também foi o presidente suíço em 2009.
A legenda agregada em português ao vídeo foi inventada e não guarda nenhuma relação com a fala original. O nome de Lula, ou do PT, nunca é mencionado. Naquele dia, uma de suas últimas aparições públicas, Merz respondeu a uma solicitação de informação sobre taxamentos às importações de carne apimentada na Suíça e riu da linguagem confusa e repetitiva em que o texto que lia havia sido escrito.
“Os bens não são indexados no capítulo 2, principalmente os produtos apimentados, mas somente se o aspecto material destas mercadorias previstas no capítulo não muda. Entre parênteses, a carne defumada apimentada. Por exemplo a carne defumada apimentada”, foi o trecho que arrancou risadas do ministro.
Em 2014, a mesma gravação já tinha sido apresentada fora de contexto. Naquele ano, as legendas colocadas no vídeo alegavam que políticos europeus ridicularizavam a administração de Lula e, em outro caso, a organização da Copa do Mundo no Brasil durante o governo de Dilma Rousseff (2011-2016), também do PT.
Durante o período eleitoral de outubro de 2018 no país, a equipe de checagem da AFP desmentiu a informação de que a União Europeia pediu às Nações Unidas (ONU) retaliação ao Brasil devido à prisão de Lula em abril deste ano, condenado a 12 anos e um mês de encarceramento como beneficiário de um tríplex oferecido pela construtora OAS em troca de contratos na Petrobras.