Não, este vídeo não é das manifestações de 23 de janeiro na Venezuela

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  • Publicado em 24 de janeiro de 2019 às 21:17
  • Atualizado em 28 de janeiro de 2019 às 21:40
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  • Por AFP Brasil, AFP Canadá
Um vídeo disseminado viralmente nas redes sociais alega mostrar as manifestações ocorridas na Venezuela na última quarta-feira. No entanto, as imagens, feitas há 2 anos, estão fora de seu contexto original.

“Venezuela nas ruas contra Maduro!”, diz a publicação no Facebook, visualizada mais de 450.000 vezes desde que publicada no último dia 23 de janeiro pelo vereador paulista Fernando Holiday, do Democratas (DEM), também coordenador do movimento de extrema direita MBL.

Nela, uma multidão ocupa as ruas, carregando bandeiras da Venezuela. Diversos usuários também disseminaram o vídeo, aludindo que teria sido feito nas ruas da capital Caracas durante a jornada de protestos convocada pela oposição do governo de Nicolás Maduro, do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), na última quarta-feira.

Na verdade, as imagens são do dia 1o. de setembro de 2016. Naquela data, opositores de Maduro convocaram uma manifestação para pedir a realização de um referendo revogatório de seu mandato, que jamais ocorreu. A oposição estima que cerca de 1 milhão de pessoas marcharam em Caracas na ocasião. O episódio ficou conhecido popularmente como a “Tomada de Caracas”.

O líder chavista renovou em 2019 um mandato presidencial de 6 anos, depois de eleições contestadas pela oposição e criticadas por organizações internacionais como a União Europeia, o Grupo de Lima e a Organização dos Estados Americanos (OEA).

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Pessoas escutam o discurso de Juan Guaido, em que se auto-declara presidente interino da Venezuela, durante uma manifestação contra Nicolas Maduro organizada pela oposição no dia 23 de janeiro de 2019 (AFP / Federico Parra)

Turbulência política

A Venezuela vive um momento de turbulência política. No último dia 23 de janeiro, enquanto a população tomava as ruas de diversas cidades do país, Juan Guaidó, líder da oposição no parlamento, autoproclamou-se presidente interino.

Ele foi reconhecido por Estados Unidos e onze dos quatorze países do Grupo de Lima, entre eles o Brasil.

Os Estados Unidos informaram na quarta-feira que "todas as opções" serão analisadas se Maduro responder violentamente aos protestos da oposição.

Por outro lado, países como Nicarágua, Bolívia, México, Cuba, Rússia, China e Turquia mantiveram o apoio a Maduro.

Ainda que no dia 23 de janeiro o país caribenho tenha experimentado uma intensa jornada de manifestações, e que os protestos tenham deixado 26 mortos em quatro dias, o vídeo disseminado por vários políticos, acadêmicos e pelo público em geral, na verdade, foi feito há 2 anos em um contexto diferente.

EDIT 28/1/2019 - Mudança da imagem de cabeçalho.

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