Não, policial não foi estuprada e assassinada na zona norte do Rio de Janeiro
A informação de que uma policial militar foi violentada e esfaqueada até a morte na capital fluminense circula viralmente nas redes sociais e em blogs no Brasil. No entanto, a informação é falsa e a foto que ilustra a suposta sargento é de outra pessoa.
“A sargento Alana Benatti viveu uma madrugada de horrores nas primeiras horas do seu aniversário, ontem entre 3h e 5h. Oito menores infratores com idades entre 13 e 17 anos renderam a jovem militar quando ela estacionava seu carro na residência dos pais (...) a estupraram por duas horas consecutivas e depois deram 32 facadas no corpo da jovem.”, diz a publicação de um blog, datada na última segunda-feira, dia 21 de janeiro de 2019, e que foi compartilhada mais 13 mil vezes no Facebook.

A versão alega que a suposta funcionária das forças de ordem foi morta no Cantagalo, que, na realidade, se localiza na zona sul do Rio de Janeiro, contrariamente do que diz a manchete.
Contatado pela AFP, um funcionário da assessoria de imprensa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMRJ) esclareceu: “Desde o início do projeto [das Unidades de Polícia Pacificadora, em 2008] temos morte [de policiais] por confronto armado, mas sequestro e estupro não temos. Isso foi fake news. No Cantagalo, não tivemos nenhum policial morto.”
A PM do Rio de Janeiro também afirmou à AFP que não existe em seus quadros nenhuma sargento chamada Alana Benatti.
Da mesma forma, a foto que ilustra a história não é de uma membro da corporação. Trata-se de uma fotografia da famosa modelo italiana Giusy Ranucci, cuja morte em novembro de 2014, aos 22 anos, obteve ampla cobertura midiática por ter se dado por causas desconhecidas.

A informação, atrelada a esta mesma fotografia, circula nas redes sociais brasileiras desde 2016 e foi desmentida, na época, por mais de um portal no Brasil.
A redução da maioridade penal no Brasil, atualmente fixada em 18 anos, é uma proposta apoiada pelo presidente Jair Bolsonaro, que manifestou, em uma entrevista ao Jornal da Band, ao ser indagado sobre uma mudança na legislação: “Se não for possível para 16, que seja para 17 [anos]”.
No Brasil, a maioria dos menores detidos é de negros (60%), de famílias extremamente pobres (66%), geralmente desestruturadas, e 51% não vai à escola, indica um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Ainda que a delinquência juvenil no Brasil seja uma realidade, a versão de que menores estupraram e assassinaram uma oficial da PM é falsa, e a imagem que ilustra a suposta jovem é na verdade de uma modelo italiana falecida em 2014.