Na verdade, a obra desta ponte foi conduzida por um engenheiro

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  • Publicado em 29 de maio de 2019 às 18:32
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  • Por AFP Colômbia, AFP Brasil
Publicações compartilhadas nas redes sociais desde março de 2018 asseguram que a ponte que caiu próximo à Universidade Internacional da Flórida foi construída por “engenheiras feministas”. Entretanto, a empresa encarregada de projetar a ponte tem uma junta diretora composta por homens e a obra foi comandada por um engenheiro.

Um dos textos viralizados, com mais de 14 mil interações, alega que “a construtora responsável pela ponte usou um grupo de engenheiras feministas para supervisionar o projeto e ‘levantar a bandeira’ da diversidade e do feminismo”. Também afirma que “a empresa foi acusada de não ter escolhido seu ‘staff’ pela capacitação, mas sim decidiu que o principal critério da escolha dos trabalhadores seria o ‘empoderamento’ feminino”.

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Captura de tela feita em 29 de maio de 2019 do site que veiculou a notícia da ponte desabada

Em uma publicação no Facebook que repercutiu a notícia pode-se ler um texto muito similar.

A imagem original corresponde a uma ponte de pedestres que desabou nas imediações da Universidade Internacional da Flórida em 15 de março de 2018, matando seis pessoas. A estrutura havia sido instalada cinco dias antes, segundo o relatório oficial da comissão de segurança do Departamento de Transporte.

A publicação viralizada atribui à engenheira Leonor Flores a responsabilidade pela obra e apresenta como evidência uma suposta citação da “engenheira-chefe da obra”: “as mulheres podem construir e também dar um toque estético ao que fazem”. Essa fala foi tirada da declaração da engenheira Flores ao jornal da Universidade da Flórida em um artigo sobre a construção da ponte.

No entanto, Flores não foi a responsável pela obra. O próprio jornal universitário publicou um esclarecimento no dia seguinte do desabamento detalhando que Flores “não teve nenhuma participação no projeto”. Na realidade, a obra esteve a cargo de um engenheiro chamado Denney Pate.

O nome de Pate, que era o engenheiro-chefe da obra, veio à tona quando revelaram que ele havia feito uma ligação para o Departamento de Transporte da Flórida dois dias antes do acidente notificando sobre uma "rachadura observada na parte norte da estrutura".

No telefonema, o engenheiro também assegurou que teriam que “fazer algumas reparações ou algo similar, mas de uma perspectiva de segurança não achamos que exista algum problema”.

Essa mesma desinformação circulou em inglês e em espanhol.

Uma outra versão da notícia falsa em espanhol reproduziu a informação ilustrando-a com imagens de várias mulheres que trabalharam na obra também mostra Leonor Flores. Ela aparece como “encarregada de levar o projeto à frente” e afirma que a empresa responsável pelo projeto, Munilla Construction Management (MCM), “é comandada e dirigida fundamentalmente por mulheres”.

Mas esta afirmação também é falsa. De acordo com o site da empresa, sua diretoria é composta por seis homens, todos da família Munilla.    

Embora seja verdade que a ponte de pedestres em frente à Universidade Internacional da Flórida tenha desabado em 2018 dias depois de ter sido finalizada, é falso que ela tenha sido projetada por “engenheiras feministas”.

A história da suposta “ponte feminista” desabada já foi verificada por sites estrangeiros, como Snopes e El País, e pelo E-farsas.

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