É enganosa a alegação de que o Google Maps removeu o nome Palestina da plataforma
Publicações compartilhadas milhares de vezes no Facebook, Instagram e Twitter em julho deste ano alegam que a Palestina foi removida do Google Maps. Mas, isso é enganoso: no último dia 20 de julho, um representante do Google disse à AFP que a palavra Palestina nunca foi utilizada em seus mapas; uma especialista em cartografia também indicou que o nome “Palestina” não costuma ser empregado em mapas da mídia ocidental tradicional ou em ferramentas cartográficas ocidentais, sendo substituído, geralmente, pelos termos “Cisjordânia” ou “Gaza”.
“O Google Maps retirou a Palestina dos seus mapas. Se você pesquisa Palestina no buscador o país não é encontrado. Aparece, agora, Israel, em todo território. Não satisfeitos em tomar território, dia após dia, Israel tenta riscar e esconder a Palestina do mundo”, diz mensagem compartilhada mais de 2 mil vezes no Twitter desde o último dia 16 de julho.
Publicações semelhantes circularam amplamente no Facebook (1, 2, 3), Twitter (1, 2, 3) e Instagram na mesma data, somando mais de 13 mil compartilhamentos.

As mensagens viralizaram poucos dias após ser reportado que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pretendia iniciar os planos de anexar parte da Cisjordânia, território de maioria árabe-palestino que é parcialmente ocupado por Israel.
A alegação também foi amplamente compartilhada em inglês, espanhol e francês.
É enganoso, contudo, afirmar que o Google Maps removeu o nome Palestina de sua plataforma.
Uma busca na ferramenta de visualizações de mapas do Google pelo nome “Palestina”, neste dia 24 de julho, leva a uma região entre os Estados de Israel e do Líbano.
A plataforma apresenta informações retiradas da Wikipedia, indicando que o “O Estado da Palestina é um Estado de jure que reivindica soberania sobre os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e que designa Jerusalém Oriental como sua capital”. A palavra Palestina realmente não é marcada no mapa.

Questionado pela AFP, um porta-voz do Google disse, em e-mail enviado no último dia 20 de julho, que a empresa não fez alterações nas fronteiras ou territórios da região recentemente e que não utilizava anteriormente o termo Palestina no Google Maps.
O porta-voz também encaminhou à AFP duas reportagens de 2016: uma do site de tecnologia Engadget e outra do jornal francês Le Monde. Em ambas, um representante do Google afirma que o nome Palestina nunca foi utilizado em sua plataforma de mapas.
Christine Leuenberger, professora da Universidade Cornell, em Nova York, especializada na história e sociologia da cartografia em Israel e nos territórios palestinos, disse à AFP no último dia 21 de julho que “a palavra Palestina nunca estaria nesses mapas - no máximo os termos Cisjordânia e Gaza”.
“Nos mapas, o nome ‘Palestina’ é geralmente associado à Palestina histórica, antes do estabelecimento do Estado de Israel, e não é utilizado em meios de comunicação tradicionais no Ocidente”, disse Leuenberger.
“Normalmente, os territórios palestinos são indicados com o delineamento de uma linha de demarcação quebrada, o que indica um território disputado e os territórios (de Gaza e da Cisjordânia) permanecem sem nome. Alternativamente, os territórios são representados com essas linhas de demarcação quebradas e também são marcados como ‘Cisjordânia’ e ‘Gaza’”.
A equipe de checagem da AFP consultou versões anteriores do Google Maps arquivadas na ferramenta Wayback Machine e comprovou que não há registros de uma delimitação do território palestino na plataforma.
Em resumo, é enganoso afirmar que o Google removeu o nome Palestina de sua plataforma de mapas. Como explicou um representante da empresa à AFP, o termo nunca foi empregado no Google Maps.