
Maduro não disse que poderia renunciar; gravação mostra presidente lendo texto escrito por outra pessoa em 1902
- Publicado em 8 de setembro de 2025 às 20:18
- 2 minutos de leitura
- Por AFP Colômbia
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“URGENTE: Narcoditador Nicolas Maduro manda soltar todos os presos políticos na Venezuela e sugere sua renuncia da ‘Presidência do País’” é a frase sobreposta ao vídeo no Facebook, no Instagram, no TikTok e no X.
A alegação é compartilhada junto a um vídeo em que Maduro diz: “Abro as portas de todos os presídios da República aos presos políticos”. E complementa, na sequência: “Se for necessário para a saúde da pátria (...), estou pronto para retornar à vida privada”.
O conteúdo também circula em espanhol.

Em 7 de agosto de 2025, Washington aumentou para 50 milhões de dólares a recompensa por informações que levassem à captura de Maduro. O governo norte-americano acusa o presidente venezuelano de colaborar com organizações ligadas ao narcotráfico e de ter “estrangulado a democracia”.
Os Estados Unidos também enviaram navios de guerra para o mar do Caribe, na costa da Venezuela, sob o pretexto de intensificar o combate ao narcotráfico no país. Em 2 de setembro, informaram ter destruído uma embarcação que supostamente transportava drogas da Venezuela.
Em 22 de agosto, Maduro convocou a milícia, os reservistas e “todo o povo” venezuelano para um alistamento com o objetivo de enfrentar as “ameaças” dos Estados Unidos.
Vídeo fora de contexto
Uma busca reversa no Google pela captura de tela de um trecho do vídeo exibiu uma gravação no YouTube, publicada em 22 de agosto de 2025, no canal do presidente venezuelano.
No vídeo, com aproximadamente uma hora e meia de duração, Maduro fala sobre a defesa da soberania e da paz da Venezuela e da América Latina.
A partir de 43 minutos e 24 segundos ele diz: “Vou ler a proclamação de Cipriano Castro”, um ex-militar que foi presidente da Venezuela (1899–1908) durante o bloqueio naval organizado pelo Reino Unido, Alemanha e Itália em 1902. Os europeus exigiam o pagamento de uma dívida.
No entanto, na sequência viralizada nas redes sociais, esse trecho foi extraído sugerindo que Maduro é o autor dessas palavras.
A partir de 49 minutos e 24 segundos ele termina de ler a carta, citando a assinatura do autor: “Cipriano Castro, 9 de dezembro de 1902”.
Uma busca no Google pela frase “Maduro ordena libertação de presos políticos” não mostrou nenhuma declaração semelhante do presidente venezuelano em 2025.