Vídeo de uma mulher abrindo e fechando os olhos em um funeral é uma paródia

A gravação que mostra uma mulher abrindo e fechando os olhos durante um funeral é uma encenação. A sequência compartilhada como verdadeira acumula mais de 22 mil interações nas redes sociais desde 9 de dezembro de 2024, mas, na realidade, trata-se de uma atuação de uma criadora de conteúdo das Filipinas.

“Um fato inusitado foi registrado nas Filipinas. Uma mulher que havia sido dada como morta em um hospital abriu os olhos e estava com o corpo quente durante o velório”, dizem publicações que compartilham o vídeo no Instagram e no Facebook.

O vídeo também circula no X e no Kwai, assim como em outros idiomas, como inglês, espanhol e malaio.

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Captura de tela feita em 20 de dezembro de 2024 de uma publicação no X (.)

Uma busca reversa por fragmentos do vídeo no Google Lens levou a uma notícia em filipino, publicada em 9 de dezembro de 2024. O texto informa que a protagonista vista na sequência é uma criadora de conteúdo para as redes sociais que “viralizou novamente” com uma “esquete” em que aparenta ser uma mulher morta em um caixão que abre e fecha os olhos durante seu velório.

Uma busca pelo seu nome no Google levou a sua conta no Facebook, onde foi possível identificar o vídeo original e outra sequência gravada em um ângulo diferente, publicados entre 5 e 6 de dezembro de 2024.

As mesmas gravações também foram compartilhadas na sua conta no TikTok (1, 2).

@scarlette_macasusi

 

♬ original sound - ARMANSALON

A pesquisa também resultou em outra notícia que descreve a filipina como uma estrela do TikTok, conhecida pelos seus conteúdos humorísticos.

Uma representação humorística

Em algumas publicações, usuários comentaram que poderia ser um “reflexo” do corpo e que tais movimentos involuntários seriam “normais”.

Consultado pela AFP, o médico legista argentino Carmelo Nápoli explicou que a morte é diagnosticada diante “da ausência de toda a atividade motora e neurológica, transcorrido um período de tempo que varia em crianças e adultos”.

Depois do falecimento, “nem todos os órgãos complementares ao coração e ao circuito neurológico deixam de funcionar ao mesmo tempo”. Por exemplo, “pode haver uma atividade renal ou glandular um pouco mais tardia”, comentou o especialista.

Também podem ser escutados sons próprios da decomposição cadavérica, exemplificou.

No entanto, uma vez morto, “não existem reflexos tardios neurais”, esclareceu Nápoli. Isso significa que o corpo não realiza movimentos automáticos nem involuntários, o que descarta a possibilidade das pálpebras abrirem e fecharem depois da morte.

Nápoli acrescentou que isso só poderia acontecer se a morte tivesse sido diagnosticada antecipadamente, já que, nesse caso, o corpo ainda poderia apresentar certos movimentos de reflexos antes que fosse confirmada a cessação total da atividade neural.

Referências

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