Matéria de 2022 é usada para alegar que Alexandre de Moraes pode ser preso “a qualquer momento”
- Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 16:28
- 3 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Alexandre de Moraes pode ser preso a qualquer momento”, diz o texto sobreposto a uma gravação compartilhada no Facebook, no Kwai, no TikTok, no YouTube e no X.
No vídeo, de pouco mais de dois minutos, uma jornalista com um microfone da Jovem Pan noticia que um grupo de delegados aposentados da PF protocolou uma notícia-crime contra o ministro Alexandre de Moraes e o delegado da Diretoria de Inteligência da PF Fábio Alvarez. “O que eles alegam? Abuso de autoridade por parte dos dois naquela ação que investigou os oito empresários ligados ao presidente Jair Bolsonaro”, diz.
Algumas das postagens indicam que a matéria seria de novembro de 2024, exibindo as seguintes datas: “22/11/2024” e “26/11/2024”.
Mas o caso não é atual.
Uma pesquisa no Google pelos termos “Alexandre de Moraes”, “notícia-crime” e “delegados” exibiu reportagens (1, 2) publicadas em 26 de setembro de 2022 noticiando o pedido dos delegados, protocolado na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Uma busca no canal da Jovem Pan no YouTube por “26/09/2022” levou ao programa “Prós e contras”, veiculado nesta data, noticiando a denúncia contra Moraes. A partir de 25 minutos e 50 segundos é possível ver o mesmo trecho compartilhado nas publicações virais.
Os policiais questionavam as medidas cautelares impostas no mês anterior por Alexandre de Moraes a um grupo de empresários, investigados por conversas em um aplicativo de mensagens em que mencionavam que um “golpe” seria melhor do que um novo mandato do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na ocasião, o ministro do Supremo determinou a quebra do sigilo bancário e o bloqueio de perfis dos empresários nas redes sociais.
Em 15 de setembro de 2022, Moraes determinou o desbloqueio da conta dos investigados. Em agosto de 2023, o STF arquivou a investigação contra seis dos oito suspeitos de defender um golpe de Estado. O Supremo, no entanto, manteve como investigados os empresários Luciano Hang e Meyer Joseph Nigri. No texto de 2023 é informado que a investigação dos dois continuaria por 60 dias.
O prosseguimento da notícia-crime apresentada pelos delegados seria de competência da PGR e caberia ao órgão determinar a instauração do inquérito contra Moraes.
Ao Checamos, a assessoria do Ministério Público Federal (MPF) disse, em 20 de dezembro de 2024, que o “referido processo tramita sob sigilo” e, por isso, não tem acesso a mais informações.
O Checamos contatou o STF para saber se Hang e Nigri continuam sendo investigados no caso contra empresários suspeitos de defender um golpe de Estado. A assessoria de imprensa da Corte informou, em 19 de dezembro de 2024, que não tem informações do caso já que “o processo em questão é sigiloso” e informou que a petição citada continua tramitando no Supremo.
Referências
- Reportagem da Jovem Pan
- Notícias e tramitação da petição no site do STF (1, 2, 3, 4)