Gravação de Lula desfilando no 7 de setembro em ruas vazias omite local onde público estava

  • Publicado em 13 de setembro de 2024 às 00:03
  • 4 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não desfilou em um evento “completamente vazio” em Brasília em 7 de setembro de 2024, dia da Independência do Brasil. No entanto, desde então, publicações visualizadas mais de 669 mil vezes nas redes sociais compartilham essa alegação com base em uma sequência em que não se vê público durante um trecho do trajeto do mandatário. Mas o registro mostra um percurso anterior ao local onde os espectadores da festividade cívico-militar estavam concentrados na capital federal. 

“Um presidente sem povo. Desfile do sete de setembro do governo Lula fica completamente vazio” é a frase sobreposta ao vídeo compartilhado no TikTok, no Facebook, no Instagram, no Threads e no Kwai. Afirmação similar é difundida no X*.

Nas imagens, o presidente Lula desfila em cima do Rolls-Royce presidencial durante o evento do 7 de setembro, em um trajeto onde não se vê público. 

O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar mensagens vistas em redes sociais, se duvidarem da sua veracidade.

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Captura de tela feita em 9 de setembro de 2024 de uma publicação no TikTok (.)

Em 7 de setembro é comemorada a Independência do Brasil. Assim como em anos anteriores (1, 2), em 2024 a data foi marcada pelo desfile oficial em Brasília e por atos políticos (1, 2). 

Algumas das publicações virais exibem um vídeo que mostra a inscrição “CanalGov” – canal de transmissão do governo federal – no canto superior esquerdo –  acompanhada da frase “Desfile cívico-militar. Brasil celebra 202 anos de sua independência”, no centro da tela. 

Uma pesquisa por “7 de setembro” na página do CanalGov no YouTube exibiu a íntegra da transmissão do evento realizado em Brasília em 7 de setembro de 2024. 

De fato, os conteúdos reproduzem imagens do desfile, mas mostram apenas os trechos em que Lula passa diante do Palácio do Planalto, do Congresso e de outros edifícios públicos (1, 2, 3), onde não foram permitidas aglomerações por questões de segurança. 

O acesso controlado à Esplanada foi informado pelo Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran - DF) em nota divulgada antes do evento: “O acesso à Praça dos Três Poderes será restrito, e prédios públicos serão protegidos por gradis.” 

A Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República também compartilhou um comunicado informando sobre os locais de acesso ao evento e as áreas bloqueadas, ilustrados em um mapa:

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Mapa de acesso à Esplanada durante o 7 de setembro de 2024, publicado no site da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República

No registro completo do evento, após passar pelo trajeto esvaziado, Lula seguiu até a Esplanada dos Ministérios, onde foram instaladas estruturas para o evento e o presidente foi recebido pelo público. 

Segundo o site Poder 360, cerca de 20 mil pessoas compareceram ao evento em Brasília, público menor do que em anos anteriores.

Desfiles anteriores

Uma comparação com desfiles ocorridos em anos anteriores mostra que o trecho exibido no vídeo viralizado também permaneceu vazio. 

Em 2022, quando Jair Bolsonaro (PL) ocupava a Presidência do Brasil, por exemplo, o desfile cívico-militar reuniu mais de 100 mil pessoas, segundo o Poder 360, mas não havia civis ou concentração do público nas áreas próximas ao Palácio do Planalto ou do Congresso, como mostra este trecho da transmissão da solenidade ocorrida naquele ano. 

Em 2019, também sob o mandato de Bolsonaro, tampouco havia aglomeração de público nesse trecho inicial. É possível ver civis em grades acenando para o então presidente, mas a maior concentração de pessoas foi registrada a partir das proximidades do Ministério da Justiça.

Este conteúdo também foi verificado pelo Aos Fatos e Boatos.org

O Checamos verificou outras alegações sobre o 7 de setembro. 

* As publicações do X foram acessadas por integrantes da AFP localizados fora do Brasil devido à suspensão da plataforma no país.

Referências

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