Em vídeo, Flávio Dino abraça governador do MA, não suposto mandante do assassinato de Marielle
- Publicado em 27 de março de 2024 às 15:44
- 7 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“UM DOS MANDANTE DA MARIELLE CHIQUINHO BRAZAO,DANCANDO COM FLAVIO DINO E FAZENDO O L DE LULA LADRÃO”, diz uma das publicações que compartilham a gravação no Facebook.
Algumas mensagens não mencionam diretamente Chiquinho Brazão, mas indicam que a pessoa com Dino seria um dos irmãos Brazão, em posts no Facebook, no X e no TikTok.
No vídeo, Flávio Dino usa uma camiseta com o nome de Lula enquanto abraça um homem que veste uma camiseta com o número 13, em referência à sigla do Partido dos Trabalhadores (PT). Nas imagens, ambos comemoram e fazem o símbolo “L” com as mãos, uma marca utilizada por Lula na campanha presidencial.
A gravação, que já circulou anteriormente com alegação semelhante e foi verificada pela AFP, voltou a ser compartilhada um dia após a operação Murder Inc., deflagrada pela Polícia Federal, pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) em 24 de março de 2024. A ação resultou na prisão de três suspeitos de serem os mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.
No relatório final da investigação, é apontado que Domingos Brazão, ex-deputado e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) e o seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (ex-União Brasil), idealizaram a morte de Marielle e foram os mandantes do crime. O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, é suspeito de ter planejado as ações e atrapalhado as investigações.
Em 24 de março, os três foram alvo de mandados de prisão preventiva pelo ministro-relator do caso no STF, Alexandre de Moraes, e encaminhados para o complexo penitenciário da Papuda, no Distrito Federal. Na manhã de 25 de março, o STF manteve por unanimidade a prisão dos três suspeitos de participação no crime.
De acordo com a Polícia Federal, o crime teria sido motivado pela atuação política de Marielle contra um projeto de regularização fundiária em áreas controladas por milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro. O relatório da PF aponta que a vereadora defendia que as terras fossem destinadas à moradia popular, enquanto os irmãos Brazão pretendiam empreender negócios na região.
Porém, a pessoa que aparece com Flávio Dino na gravação não é um dos irmãos Brazão.
Vídeo de Dino com o governador do Maranhão
O vídeo compartilhado nas redes possui a marca d’água da rede social Kwai e o nome do usuário “@Seducarlos”.
Uma busca no perfil desse usuário na rede social permitiu chegar ao vídeo original, publicado em 1º de novembro de 2022 com a mensagem sobreposta: “No Maranhão durante apuração dos votos”.
Um dia antes, em 31 de outubro, Flávio Dino havia publicado uma fotografia em seu perfil no Instagram usando a mesma camisa vista no vídeo viral, com a legenda: “Será que fiquei feliz quando viramos a apuração e vencemos?”.
Em 30 de outubro, foi realizado o segundo turno das eleições presidenciais de 2022, que resultou na vitória de Lula (PT) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Uma pesquisa no Google com a frase “Dino comemora eleição de Lula” levou a uma matéria com uma fotografia de Dino com a mesma camiseta e ao lado do homem visto na sequência viral. O título informa: “Dino, Brandão e Camarão comemoram votação de Lula no Maranhão”.
Brandão é o sobrenome de Carlos Brandão (PSB), atual governador do Maranhão. É ele quem abraça Dino no vídeo em questão.
Em 30 de dezembro de 2022, Brandão também publicou fotos da ocasião em que comemorou a vitória de Lula com Dino.
Neste dia comemorávamos a vitória do presidente @LulaOficial, em especial, a vitória da democracia, que se consolidará no dia 1º de janeiro. O povo espera, de todos nós que saímos vitoriosos, resultados. Devemos seguir juntos em busca do melhor para o Maranhão e para o Brasil. pic.twitter.com/nwSJYUE3vv
— Carlos Brandão (@carlosbrandaoma) December 30, 2022
O AFP Checamos verificou em 2023 publicações que utilizaram o mesmo vídeo para embasar outra alegação falsa.
Conteúdo semelhante foi verificado pelo Comprova, Estadão Verifica e Aos Fatos.