Interpol não pediu prisão de Maduro; solicitação enviada à Câmara dos deputados foi distorcida

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  • Publicado em 5 de junho de 2023 às 22:24
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  • Por AFP Brasil
A Interpol não emitiu uma ordem de prisão contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, como asseguram publicações visualizadas mais de 1,5 milhão de vezes nas redes sociais desde 30 de maio de 2023. Conteúdo viral distorce reportagem da Jovem Pan sobre um requerimento apresentado por um deputado brasileiro pedindo a prisão do político sul-americano. Em 5 de junho de 2023, o nome de Maduro não consta na lista de procurados da Interpol.

“Urgente. Interpol pede prisão de Maduro”, diz texto sobreposto a um vídeo compartilhado no Facebook, no Kwai, no TikTok e no Twitter.

Na gravação de pouco mais de um minuto, um jornalista da Jovem Pan afirma: “Esse pedido de prisão de Nicolás Maduro, só para a gente entender, já foi apresentado e será inserido na agenda amanhã da Comissão de Segurança Pública na Câmara dos Deputados. E ainda que seja informado à Interpol, inclusive, informando que ele está aqui na capital federal”.

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Captura de tela feita em 5 de junho de 2023 de uma publicação no TikTok ( .)

Mas o jornalista não estava noticiando um pedido de prisão emitido pela Organização Internacional de Polícia Criminal, conhecida como Interpol.

Uma busca por palavras-chave levou à íntegra da reportagem da qual foi extraído o trecho que circula nas redes. Publicado em 29 de maio de 2023 no canal da Jovem Pan no YouTube, o vídeo é intitulado: “Parlamentares pedem prisão do presidente venezuelano Nicolás Maduro”.

Na reportagem é mencionado que a Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado da Câmara dos Deputados (CSPCCO) havia recebido um requerimento de parlamentares questionando a Interpol sobre a existência de uma ordem de prisão contra o presidente da Venezuela. Contudo, em nenhum momento do vídeo é dito que a polícia internacional pediu a prisão de Maduro.

O documento, apresentado pelo deputado Coronel Assis (União-MT) durante a visita do presidente venezuelano ao Brasil, solicitava que a Comissão questione a Interpol se o “mandado de prisão expedido no âmbito dos Estados Unidos” encontrava-se vigente e se o mandatário está “registrado na lista de procurados da Interpol”.

Em 2020, o presidente venezuelano foi acusado de narcoterrorismo pela Justiça dos Estados Unidos, que anunciou uma recompensa de 15 milhões de dólares por informações que levassem à sua prisão ou condenação.

Em junho de 2022 o senador do Partido Republicano dos EUA Marco Rubio solicitou a inclusão de Maduro na lista da Interpol, citando essa acusação.

Apesar disso, o nome de Maduro não aparece na lista de procurados da organização internacional de polícia até 5 de junho de 2023.

O Checamos verificou outros conteúdos (1, 2) relacionados ao encontro de Maduro com Lula em maio de 2023.

Este conteúdo também foi checado pelo Estadão Verifica e Reuters.

Referências

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