Os candidatos presidenciais Luiz Felipe D’Ávila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB), Jair Bolsonaro (PL), Soraya Thronicke (UB) e Ciro Gomes (PDT) (da esquerda para a direita) durante o primeiro debate presidencial para as eleições de 2 de outubro, em 28 de agosto de 2022 (AFP/Miguel Schincariol)

O primeiro debate presidencial para as eleições 2022 verificado

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  • Publicado em 29 de agosto de 2022 às 19:59
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  • Por AFP Brasil
Os principais candidatos à presidência da República se encontraram no primeiro debate televisivo antes das eleições de outubro no Brasil. O intercâmbio, em 28 de agosto, reuniu o presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-mandatário Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D’Ávila (Novo). A troca de farpas entre os postulantes foi acompanhada da divulgação de dados enganosos. Veja a seguir a checagem de várias das falas realizadas durante o debate.

No encontro organizado em formato de pool pela TV Bandeirantes, TV Cultura, UOL e Folha de São Paulo, os seis candidatos debateram sobre temas como: economia, saúde, educação, corrupção e políticas para mulheres.

1. Lula diz ter quintuplicado os recursos para a educação em seu governo: Enganoso

O candidato Luiz Inácio Lula Silva afirmou que seu governo “quintuplicou” o investimento em educação, porém esse dado é exagerado. Durante o seu mandato (2003-2010), o orçamento do Ministério da Educação (MEC) aumentou três vezes, e não cinco.

Registros do MEC, de 2010, indicam que o orçamento da pasta passou de R$ 17,4 bilhões em 2003 para R$ 51 bilhões em 2010. Logo, o investimento foi triplicado, e não quintuplicado.

Em maio de 2019, o ex-mandatário já havia compartilhado uma arte em que informava o salto de R$ 18,1 bilhões em 2003 para 54,2 bilhões em 2010.

2. Ciro Gomes diz que o Ceará “tem a melhor educação pública do Brasil”: Enganoso

O candidato e ex-governador do Ceará Ciro Gomes disse que o seu estado possui “a melhor educação pública do Brasil”, mas não é bem assim.

Os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2019, últimos dados disponibilizados, mostram dois estados com um resultado superior ao final do 5º ano.

O Ceará atingiu a nota 6,3 ao final do 5º ano na rede pública, enquanto São Paulo e Paraná marcaram, respectivamente, 6,5 e 6,4. O Ceará vem logo em seguida, empatado com Minas Gerais e Santa Catarina.

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Captura de tela feita em 29 de agosto de 2022 do site do Ideb ( . / )

No entanto, ao final do ensino fundamental, 9º ano, Ceará e São Paulo dividem a primeira posição do ranking, atingindo 5,2 na educação da rede pública.

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Captura de tela feita em 29 de agosto de 2022 do site do Ideb ( . / )

3. De acordo com Bolsonaro, a extrema pobreza diminuiu de 5,1 milhões para 4 milhões de famílias: Falso

O candidato à reeleição Jair Bolsonaro afirmou: “No mundo, o número de famílias na extrema pobreza cresceu, e no Brasil diminuiu - passou de 5,1 milhões [2019] para 4 milhões [2022]. Essa afirmação, porém, é falsa. Os números citados se referem, na verdade, à porcentagem de pessoas nessa situação nos respectivos anos.

De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em 2019 o Brasil registrava 5,1% de sua população na extrema pobreza. A previsão do instituto para 2022 é que o ano feche em 4,1%.

Em janeiro de 2019 quase 13 milhões de famílias encontravam-se nessa situação, segundo o cadastro do Ministério da Cidadania. Até junho de 2022, essa condição afetava 18,7 milhões de famílias.

Nesse mês, o número total de pessoas na extrema pobreza ultrapassou os 47 milhões, segundo o painel de dados do ministério.

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Captura de tela feita em 29 de agosto de 2022 de painel do Ministério da Cidadania ( . / )

4. De acordo com Bolsonaro, o PT votou contra o Auxílio Emergencial na Câmara dos Deputados: Falso

Durante o debate, Jair Bolsonaro afirmou que seu governo negociou o auxílio emergencial de R$ 400 “contra o voto do PT na Câmara”, mas essa afirmação é falsa. O Partido dos Trabalhadores não votou contra o auxílio emergencial, mas sim contra a proposta de emenda à Constituição (PEC) sobre os precatórios.

A PEC dos precatórios foi anunciada pelo governo como uma medida que permitiria o pagamento do benefício. Na Câmara, o PT votou contra a PEC no e turnos, porém no Senado, o partido votou a favor.

O valor mínimo de R$ 400 a ser pago aos beneficiários do programa foi estabelecido pela Medida Provisória 1.076/21, e, portanto, passou a ter efeito imediato. Posteriormente, quando foi votada na Câmara dos Deputados, o PT votou a favor da proposta.

5. De acordo com Ciro Gomes, o Brasil cresce perto de zero há 11 anos: Falso

Ciro Gomes disse que “faz 11 anos, 8 de PT e 3 de Bolsonaro, que o país cresce perto de zero”. Essa afirmação é falsa.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro começou a registrar índices próximos a zero a partir do quarto trimestre de 2014 (segundo governo de Dilma Rousseff, PT), quando cresceu 0,5%.

Entre o primeiro trimestre de 2015 e o segundo trimestre de 2017, o país esteve em recessão, porém entre o quarto trimestre de 2017 e o quarto trimestre de 2019, o Brasil voltou a crescer acima de 1%.

Entre 31 de agosto de 2016 e 31 de dezembro de 2018, o país foi governado por Michel Temer (MDB).

Já em 2019, durante o governo Bolsonaro, o PIB brasileiro cresceu, em média, pouco mais de 1%. Em 2020, durante o 1º trimestre, cresceu 0,9%, mas nos trimestres seguintes registrou quedas de 2,1%, 3,3%, 3,9% e 3,5%, voltando a crescer, no segundo trimestre de 2021, em 1,9%.

De acordo com o economista Igor Lucena, da Universidade de Fortaleza, os dados apresentados pelo candidato não procedem. "O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu em média, desde 1987, 2% ao ano, 1,4 ponto percentual abaixo do crescimento mundial médio, que ficou em 3,4%”, disse à AFP.

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Captura de tela feita em 29 de agosto de 2022 de tabela do IBGE com a evolução do PIB por trimestre desde 2003 ( . / )

6. Sigilo de 100 anos é uma lei sancionada por Dilma Rousseff (PT): Verdadeiro

O sigilo de 100 anos, citado pelo presidente Jair Bolsonaro, faz parte da Lei de Acesso à Informação (Lei 12.527) sancionada em 2011 pela ex-presidente Dilma Rousseff.

A Lei 12.527 serve para regulamentar o acesso a documentos oficiais. No entanto, ela também permite manter alguns deles em sigilo por 100 anos por serem “considerados imprescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado”.

Até abril de 2022, Bolsonaro utilizou o recurso cinco vezes: entre os documentos aos quais solicitou sigilo, estão sua carteira de vacinação e a matrícula de sua filha mais nova no Colégio Militar de Brasília.

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