Vídeo mostra apreensão de bens de empresário argentino, não da vice-presidente Cristina Kirchner

Um vídeo de 2019 mostra a apreensão de veículos de luxo de um empresário da província de Chaco, na Argentina. Porém, desde 16 de agosto de 2022, mais de 3.000 usuários compartilharam a gravação com a alegação falsa de que se trata de uma apreensão de bens da vice-presidente do país, Cristina Kirchner.

ARGENTINA: Cristina Kirchner vê todos os seus bens apreendidos: 2 barcos, 145 propriedades, 42 carros, 18 produtos bancários”, diz uma das publicações, que inclui um vídeo, no qual um homem mostra vários automóveis de luxo apreendidos por forças de segurança.

Na sequência, que também circula no Twitter, Facebook, e em espanhol, o indivíduo detalha que as imagens foram gravadas em Barranqueras, na província de Chaco, no noroeste do país.

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Captura de tela feita em 19 de agosto de 2022 de uma publicação no Twitter ( . / )

A desinformação circula no contexto do julgamento de Kirchner, no caso conhecido como “Vialidad”, no qual ela é acusada de integrar “uma associação ilícita” para fraudar o Estado quando foi mandatária (2007-2015).

Em 2016, o juiz Julián Ercolini processou Cristina Kirchner por associação ilícita e ordenou um pagamento de 10.000 milhões de pesos argentinos. Em 2017, o juiz Julio Bonadío bloqueou 130 milhões de pesos da vice-presidente.

Origem do vídeo

Uma busca reversa no Google por frames da sequência viralizada em 2022 levou a um vídeo no canal do jornalista chaqueño José Viñuela no YouTube. O material foi publicado pela primeira vez em 26 de junho de 2019, e pela segunda vez em 26 de junho de 2020. Sua duração original é de 10:34 minutos.

Durante a filmagem, o jornalista explica que a autoridade Marítima da Argentina apreendeu caminhões, veículos de luxo e altas quantias em dinheiro. Em nenhum momento menciona que se trata de uma apreensão contra Cristina Kirchner.

Em comunicado à AFP, Viñuela confirmou que o vídeo é de sua autoria e que o filmou em 2019 (1, 2, 3). Também detalhou que a decisão foi ordenada por um juizado federal de Buenos Aires, no marco de uma investigação que teria como alvo o empresário chaqueño Cristino Villalba.

“Nada tem a ver com Cristina Fernández [Kirchner], declarou.

A equipe de checagem da AFP não encontrou registro, até a data de publicação desta verificação, de nenhuma medida de apreensão contra Cristina Kirchner em agosto de 2022.

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