Esta foto não mostra um “vazio no espaço”, mas uma nuvem de gás e poeira que esconde estrelas
- Este artigo tem mais de um ano
- Publicado em 3 de agosto de 2022 às 19:14
- 2 minutos de leitura
- Por AFP México, AFP Brasil
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Esse é um vazio no espaço profundo tão grande que, se você viajasse por ele, não encontraria nada por 752.536.988 anos”, diz uma das publicações que circulam no Facebook (1, 2), Twitter e Instagram.
A fotografia, creditada à Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço dos Estados Unidos (Nasa), mostra uma zona escura rodeada de estrelas.
Versões similares circulam em inglês e espanhol.
Uma busca reversa pela imagem no Google levou a uma publicação no site da Nasa, feita em 8 de outubro de 2017, explicando que a imagem corresponde à “nuvem molecular Barnard 68”, na qual “uma alta concentração de poeira e gás molecular absorve praticamente toda a luz visível emitida pelas estrelas ao fundo”.
“O fato de que estrelas não sejam vistas na parte central indica que Barnard 68 está relativamente próxima, com medições que a localizam a 500 anos de luz de distância” e com uma largura de meio ano luz.
“Não se sabe exatamente de que maneira nuvens moleculares como a Barnard 68 são formadas, mas sabe-se que estas nuvens são em si próprias lugares prováveis para que se formem novas estrelas”, acrescenta.
Gonzalo Tancredi, doutor em astronomia e membro da União Astronômica Internacional, explicou à AFP que “é totalmente incorreto falar de um vazio, de fato está cheio de matéria”.
“No infravermelho, diferentemente da imagem no espectro visível, a nuvem pode ser mais transparente e por isso algumas das estrelas que estão atrás podem ser observadas”, apontou.
O Observatório Europeu do Sul (ESO, em sua sigla em inglês) publicou, em 2 de julho de 1999, uma imagem da Barnard 68 na qual, por medições de cor, as estrelas são observadas de trás da nuvem.
O ESO detalha que as nuvens deste tipo estão “compostas majoritariamente de hidrogênio molecular (H2) e, porque são muito frias, 99% de sua massa é indetectável à observação direta” .
Tancredi acrescentou que elas são nomeadas de “nuvens moleculares gigantes”, porque os gases são encontrados em formato de moléculas e não de átomos.