Constituinte fez proposta de eliminar poderes do Estado no Chile, não primeira-ministra
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- Publicado em 14 de junho de 2022 às 17:05
- Atualizado em 15 de junho de 2022 às 14:21
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- Por AFP Brasil
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“Atenção!!! Chile acaba de tomar todas as propriedades do povo. Primeira ministra do chile. Extinção de todas as forças armadas e policiais. -Todas as empresas passam a ser estatais. Imóveis residenciais, comerciais, chácaras, sítios, fazendas transportes coletivos, táxis,etc,etc, tudo é do governo. Para quem gosta de comunismo.. Taí o Chile!!!”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook (1, 2), Twitter (1, 2) e TikTok.
No vídeo, uma mulher, que supostamente seria a primeira-ministra chilena, discursa ao microfone. Nas imagens pode-se ver a legenda “Comisión de Sistema Político - Nº 38”.
No discurso, a mulher propõe uma mudança completa do funcionamento do Estado e da administração econômica, como a dissolução das instituições estatais, revogação de cargos políticos através de assembleias populares, organização dos oficiais de baixa patente do exército para tomar decisões e a proibição de que donos de empresa ou o alto escalão de igrejas façam parte da vida política do país.
Por último, ela também sugere a estatização e socialização de todas as grandes companhias do Chile, como bancos e minas de energia. Ela não faz, em nenhum momento, referência à extinção de forças armadas e policiais, como alegado nas postagens.
O Chile, no entanto, é um país presidencialista e o cargo de primeiro-ministro não existe.
Uma busca reversa por fragmentos da gravação levou ao vídeo completo da sequência viralizada publicada na conta no YouTube da Convenção Constitucional no último dia 11 de fevereiro. Como é possível ver no vídeo original, a mulher que apresenta o projeto é, na verdade, a constituinte María Rivera.
Além disso, ao contrário do alegado nas redes, o discurso de Rivera não teve poder de decreto, mas tratava de uma proposta para compor a nova Constituição do Chile. O texto, apresentado em 9 de fevereiro, foi, contudo, rejeitado no dia seguinte por 25 votos a zero.
No dia 16 de maio de 2021, a Convenção Constitucional, organismo encarregado por formular uma proposta de Carta Magna para o Chile, entregou um rascunho de 499 artigos para serem revistos e melhorados. Uma busca por palavras-chave no documento não levou a nenhum artigo que fale da dissolução das instituições estatais.
Em 4 de setembro de 2022, o Chile votará para aprovar ou não a proposta da Convenção Constitucional que substituiria a Carta Magna vigente e promulgada em 1980, durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).
O Checamos já analisou a alegação de que o Chile aprovou a abolição de suas Forças Armadas.
15 de junho de 2022 Corrige o sobrenome da constituinte no primeiro parágrafo