Sim, Jair Bolsonaro declarou que a chegada de Hugo Chávez ao poder na Venezuela era ‘esperança para a América Latina’

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  • Publicado em 1 de março de 2019 às 19:14
  • Atualizado em 1 de março de 2019 às 20:22
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  • Por AFP Brasil
Uma publicação viralizada nas redes sociais indica que o presidente Jair Bolsonaro teria declarado, em 1999, o seu apoio ao então recém-eleito presidente Hugo Chávez e dito que ele era uma “esperança para a América Latina”. A informação, colocada em dúvida por alguns internautas, é verdadeira.

A combinação de imagens, com frases como “Você sabe quem apoiou Hugo Chávez em 1999 e disse que ele era uma esperança para a América Latina?” e “É melhor ‘Jair’ pesquisando”, foi compartilhada mais de 1.700 vezes desde a sua publicação no Facebook, em 26 de fevereiro de 2019.

A equipe de checagem da AFP no Brasil verificou a versão e constatou que o presidente da República, Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), que tomou posse em 1º de janeiro de 2019, realmente deu essas declarações durante uma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que as publicou em 4 de setembro de 1999.

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Captura de tela feita em 28 de fevereiro de 2019 mostra a entrevista que o hoje presidente Jair Bolsonaro deu ao Estadão em 1999 sobre o venezuelano Hugo Chávez
 

Bolsonaro, capitão do Exército na reserva e na época deputado federal pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB-RJ), foi questionado sobre o que o tenente-coronel Hugo Chávez representava, após sua eleição em dezembro de 1998 para a Presidência venezuelana. O militar havia tentado derrubar em 1992 o então chefe de Estado Carlos Andrés Pérez em um golpe, mas a rebelião foi controlada e o oficial ganhou muita exposição pública.

Chávez é “uma esperança para a América Latina e gostaria muito que esta filosofia chegasse ao Brasil. Acho ele ímpar. Pretendo ir à Venezuela e tentar conhecê-lo”, declarou o hoje presidente brasileiro ao Estadão.

Além disso, Bolsonaro, quando questionado sobre a sua opinião a respeito de os comunistas apoiarem o hoje falecido presidente da Venezuela, disse que Chávez “não é anticomunista”, e acrescentou: “Eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar. Nem sei quem é comunista hoje em dia”.

Em dezembro de 2017, quando essa entrevista veio à tona nas redes sociais, Jair Bolsonaro, então pré-candidato à Presidência pelo Partido Social Cristão (PSC), chamou de “jogo sujo” a sua divulgação na Internet. Em seu Twitter, escreveu: “seremos nós contra todo o sistema (...) Mas vamos até o fim! Há algo maior que eleição em jogo: a derrubada do legado cultural da esquerda no Brasil”.

Falecido em março de 2013, Hugo Chávez deixou como herdeiro político para continuar a “revolução chavista” o atual presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que também foi seu vice-presidente, e que vem enfrentando uma forte crise política e socioeconômica, que dividiu a comunidade internacional. Um de seus mais ferrenhos opositores é o presidente Bolsonaro.

Neste contexto, o opositor venezuelano Juan Guaidó foi reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, incluindo o Brasil. Em 28 de fevereiro, em Brasília, durante uma entrevista coletiva conjunta, Bolsonaro se desculpou pelo apoio dado a Maduro e seu antecessor, Chávez, pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

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O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (E), e o líder opositor venezuelano e reconhecido por 50 países como presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, se cumprimentam após entrevista coletiva conjunta em Brasília, em 28 de fevereiro de 2019 (Sergio Lima)
 

“O Brasil estava num caminho semelhante. Graças a Deus, o povo aqui acordou e em parte se mirou no que acontecia negativamente em seu país e resolveu dar um ponto final no populismo, na demagogia barata que leva à situação em que seu país se encontra”, afirmou Bolsonaro, dirigindo-se a Guaidó.

Em resumo, é verdade que o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o falecido chefe de Estado venezuelano Hugo Chávez “era uma esperança para a América Latina”, em entrevista concedida em 1999, como mostra a imagem viralizada.

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