Não, estas imagens não mostram ajuda humanitária sendo jogada fora por Maduro na Venezuela

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  • Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 13:30
  • Atualizado em 28 de fevereiro de 2019 às 15:40
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  • Por AFP Brasil
Imagens compartilhadas mais de 14 mil vezes no Facebook e no Twitter desde sua primeira publicação, em 21 de fevereiro de 2019, supostamente mostram ajuda humanitária sendo jogada fora pelo governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro. Contudo, além de esta não ter entrado no país sul-americano durante a iniciativa dos líderes opositores em fevereiro, as fotos foram publicadas pela primeira vez pelo menos em 2018.

“Que desumano. Esse ditador Nicolás Maduro merece punição rigorosa. Jogou rio abaixo toneladas de ajuda humanitária que os países enviaram para o povo venezuelano”, indica a descrição da publicação, compartilhada em diferentes redes sociais.

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Captura de tela feita em 27 de fevereiro de 2019 no Brasil mostra tuíte postado em 22 de maio de 2018
 

A equipe de checagem da AFP no Brasil verificou a informação e constatou que as fotos foram publicadas diversas vezes no Twitter (1, 2, 3, 4 e 5) pelo menos em maio de 2018, quase um ano antes das tentativas de envio de ajuda humanitária à Venezuela.

Em 23 de fevereiro de 2019, cargas de ajuda humanitária para a Venezuela, geridas pelo líder opositor Juan Guaidó, reconhecido por cerca de 50 países como presidente interino da Venezuela, tiveram que recuar diante do bloqueio imposto pelos militares do país, em meio a distúrbios que deixaram ao menos dois mortos e dezenas de feridos nas fronteiras com o Brasil e a Colômbia.

Dois dos caminhões que transportavam ajuda foram incendiados na ponte fronteiriça Francisco de Paula Santander, entre Cúcuta (Colômbia) e Ureña (Venezuela).

As imagens contidas na postagem viralizada, que não puderam ter a sua localização determinada, foram divulgadas no Twitter como mostrando o descarte de comida apodrecida nos portos venezuelanos. Apesar disto, não correspondem ao período reivindicado na publicação, levando a uma interpretação equivocada.

Além disso, a ajuda humanitária ainda não conseguiu entrar no país sul-americano, impossibilitando a suposta ação de despejar a mesma em rios, como foi indicado.

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Manifestantes jogam pedras após caminhão com ajuda humanitária ser queimado na ponte internacional Francisco de Paula Santander, que liga Cúcuta, na Colômbia, a Ureña, na Venezuela, durante a tentativa de cruzar a fronteira com a Venezuela, em 23 de fevereiro de 2019. (Raul Arboleda)
 

Desde a semana passada, a Venezuela mantém um “fechamento total” de sua fronteira com o estado brasileiro de Roraima e um bloqueio de quatro pontes com a Colômbia.

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