A réplica da Estátua da Liberdade é uma fotomontagem feita por um artista sírio
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- Publicado em 8 de junho de 2021 às 22:22
- Atualizado em 27 de outubro de 2021 às 19:58
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- Por Tendai DUBE, AFP África do Sul
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Um artista sírio em Aleppo construiu esta réplica da Estátua da Liberdade com os restos de sua casa, acrescentando o lema ‘Esta é a liberdade que os EUA nos trouxeram’”, diz a legenda de publicações compartilhadas no Facebook (1, 2, 3) e no Twitter (1, 2) em outubro de 2021.
Mas, antes disso, esse mesmo conteúdo e alegação já haviam circulado nas redes em maio de 2021 (1, 2) e em anos anteriores, como em 2016 e 2017.
A imagem, que ganhou conotação política ao viralizar nas redes, também foi amplamente difundida em publicações em outros idiomas, como inglês, francês e espanhol (1).
Contudo, essa estátua não existe, já que se trata de uma fotomontagem. Uma busca reversa da imagem feita pela equipe de checagem da AFP levou a um texto do meio de comunicação Al Arabiya News, de Dubai, que explica a história por trás da escultura que, na verdade, é uma obra digital.
A fotomontagem foi feita em 2012 pelo artista sírio Tammam Azzam, como foi confirmado por ele à AFP: “Faz parte de uma série de fotomontagens que fiz em Dubai em 2012”.
“A minha fotografia está sendo usada fora do contexto que eu havia dado. A intenção era enfatizar a importância da liberdade, pelos sírios que perderam suas vidas e seus lares pela liberdade”, detalhou o artista.
Tammam Azzam publicou o trabalho em questão em seu perfil no Facebook em 8 de setembro de 2012, acompanhado da legenda “Estátua da Liberdade”, escrita em inglês.
Em 24 de outubro de 2016, o artista atualizou a publicação após internautas divulgarem o seu trabalho fora de contexto e sem a legenda original, a fim de especificar que se tratava de uma fotomontagem.
“Enviei diversas mensagens privadas para contas que usaram minha imagem com legendas totalmente novas, mas não responderam a mim e nem mesmo atualizaram suas postagens”, afirmou o artista à AFP.
A guerra na Síria, que começou em 2011 com a repressão de Damasco aos protestos pró-democracia, matou quase meio milhão de pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), e fez com que milhões fossem exilados.
A intensidade dos combates diminuiu em 2020, principalmente devido a um cessar-fogo no noroeste do país que beneficiou Idlib, o último grande reduto extremista e rebelde, além da pandemia de coronavírus contra a qual os esforços têm sido concentrados.
No final de maio de 2021, Bashar al-Assad foi reeleito presidente da Síria para um quarto mandato, em uma votação realizada em áreas controladas pelo governo.
EDIT 27/10/2021: Atualiza com novos exemplos de publicações