O vídeo de padre Marcelo Rossi sendo empurrado virou alvo de desinformação internacional
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- Publicado em 19 de julho de 2019 às 20:55
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- Por AFP Brasil
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“No Brasil, um bispo reacionário (é muitas vezes um pleonasmo) afirma no palco e eu cito: ‘as mulheres gordas não vão para o Paraíso’. Mas, as ‘mulheres gordas’ vão aonde elas quiserem e uma delas tratou de lembrá-lo”, diz uma das publicações em francês.
“Mulher empurra sacerdote por dizer que ‘gordas não vão para o Céu’”, diz outra postagem, dessa vez em espanhol. “Um padre afirmou que mulheres gordas não vão para o Paraíso... ele recebeu uma reação chocante”, diz uma publicação em árabe.
As postagens viralizaram depois que o padre Marcelo Rossi, muito conhecido por promover a fé católica em missas televisionadas, livros e CDs, foi empurrado durante uma celebração em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo, no último dia 14 de julho. Segundo reportagens, ao menos 50 mil pessoas participavam da missa, evento final de um acampamento católico de quatro dias.
No entanto, analisando o vídeo do incidente é possível constatar que o padre não fazia qualquer menção a mulheres gordas quando foi empurrado.
“Essas mãos não mais me pertencem. Pecadoras, fracas, mas essas mãos pertencem a Jesus, tanto que o sacerdote já age na pessoa de Cristo, para servir, para abençoar…”, dizia o padre no momento em que foi interrompido.
O Checamos obteve acesso à transcrição completa da fala de Marcelo Rossi durante o evento religioso e pôde confirmar que o padre não fez qualquer menção à frase viralizada durante todo o seu discurso.
Antes de ser empurrado, o padre elogiava a maturidade dos jovens presentes no local e começava a descrever sua atividade como sacerdote, como mostra o documento enviado à AFP pela comunidade Canção Nova, que organizou o evento.
Além disso, uma busca por palavras-chave no Google não encontra nenhum registro de que o padre já tenha dito no passado que “as gordas não vão para o céu”.
Esta mesma alegação também foi desmentida pela Agência Lupa.
“Feminista empurra padre”
Outras publicações viralizadas em espanhol garantem que a responsável por empurrar o padre era uma feminista. “Última moda entre as #feminazis que exigem respeito e tolerância, agora empurrando sacerdotes, se infiltram em eventos religiosos, definitivamente o #feminazismo aborteiro é um ‘transtorno mental’”, diz uma das postagens, em tradução livre.
A mesma alegação circulou em menor escala em português (1, 2, 3). Não há, contudo, qualquer indício de que a mulher que empurrou o padre seja ligada ao movimento feminista.
Procurada, a Delegacia Seccional de Guaratinguetá (SP), onde a ocorrência foi registrada, identificou a agressora apenas como V. H. F. S, natural do Rio de Janeiro, de 32 anos. Segundo as informações repassadas à AFP, a mulher alegou sofrer confusão mental e estar passando por tratamento psiquiátrico.
Em entrevista ao site de notícias UOL, o delegado responsável por fazer o registro da ocorrência disse que a mulher afirmou que sua intenção era apenas conversar com o padre e não agredi-lo.
Em resumo, é falso que o padre Marcelo Rossi tenha sido empurrado em uma missa porque disse que “as gordas não vão para o Céu”. O padre não fazia qualquer menção ao tópico no momento do incidente. Não há, ainda, evidências para afirmar que a responsável pela agressão seja uma feminista, uma vez que sua identidade está sendo preservada.
