O governo argentino não determinou racionamento de carne no país

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  • Publicado em 28 de junho de 2021 às 22:25
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  • Por AFP Brasil
Um vídeo feito em um supermercado na Argentina foi compartilhado mais de 2,5 mil vezes nas redes sociais desde pelo menos o último 25 de junho com a alegação de que o país impôs um racionamento de carne de até três quilos por pessoa. Entretanto, o governo de Alberto Fernández não restringiu a quantidade de consumo interno, mas suspendeu em maio as exportações do alimento na tentativa de conter um forte aumento dos preços. 

“Argentina agora começa racionamento de carne. 3 kg/pessoa!”, diz uma das publicações compartilhadas no Twitter (1, 2), no Facebook (1, 2) e no Instagram. O conteúdo também circulou em espanhol (1, 2, 3). 

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Captura de tela feita em 28 de junho de 2021 de uma publicação no Twitter

Apesar da alegação indicar que um racionamento de carne começou “agora” na Argentina, o vídeo viralizado circula pelo menos desde o dia 18 de fevereiro de 2021 em espanhol. 

No entanto, o governo de Fernández não tomou qualquer medida com o objetivo de restringir o consumo de carne da população do país. 

Uma consulta ao site do governo argentino pela palavra “carnes” levou a 218 resultados, mas nenhum deles se refere a uma suposta restrição da quantidade do alimento para o consumo interno. 

Uma busca no Google pelas palavras-chave, em espanhol, “carnes”, “restricción” e “racionamiento” também não levou a qualquer notícia sobre uma determinação do governo argentino nesse sentido. 

Medidas do governo argentino

O governo argentino anunciou, em dezembro de 2020, um acordo com frigoríficos para oferecer três tipos de cortes a preços até 30% mais baratos. Na época, foi informado que a Secretaria de Comércio Interior negociava com o setor para chegar a um acordo sobre o preço da carne para 2021. 

Em fevereiro último, mesmo mês em que o vídeo começou a circular nas redes, o Ministério do Desenvolvimento Produtivo realizou operações de fiscalização do cumprimento do acordo, nas quais percorreram supermercados de todo o país. Na ocasião foi constatado que alguns estabelecimentos na província de La Pampa limitaram a compra de carne a três quilos e meio por consumidor. Ou seja, essa restrição de consumo não foi imposta pelo governo, mas, sim, pelos vendedores locais. 

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Carnes embaladas a vácuo são expostas no açougue do restaurante Don Julio no bairro de Palermo, Buenos Aires, em 20 de maio de 2020 (Ronaldo Schemidt / AFP)

Em abril deste ano, o preço da carne teve alta de 65,3% em comparação com 2020, segundo o Instituto da Promoção da Carne de Vaca Argentina (IPVCA). Essa disparada reflete um aumento generalizado da inflação, que atingiu 21,5% entre janeiro e maio de 2021, e a queda na produção do alimento. 

Em resposta a essa alta de preços combinada com o crescimento da pobreza e da indigência, o governo argentino anunciou no dia 18 de maio a suspensão das exportações de carne bovina do país pelo prazo de 30 dias. Em protesto à medida, os produtores argentinos decidiram interromper a comercialização de seus produtos por uma semana.

A Argentina é quarta maior produtora mundial de carne bovina, atrás somente de Brasil, Austrália e Índia. 

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