Não, nenhuma pesquisa demonstrou que Bolsonaro tem 100% de rejeição entre os presidiários
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- Publicado em 8 de agosto de 2018 às 16:02
- Atualizado em 8 de agosto de 2018 às 22:45
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- Por AFP Brasil
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No Facebook e no Twitter foi compartilhada milhares de vezes a informação de que, segundo uma pesquisa realizada com 13.000 detentos em 450 presídios e 150 delegacias de todo o país, o candidato do Partido Social Liberal (PSL) teria 100% de rejeição entre os presos. Algumas publicações chegam a mostrar uma suposta captura de tela depictando Bolsonaro, que já concordou com um conhecido bordão popular que afirma que “bandido bom é bandido morto”, e sugerindo a existência de uma notícia que teria circulado no portal G1. Usuários comentam: “se estão contra e com medo, estamos no caminho certo!” ou “[p]ara quem não for cidadão de bem, Bolsonaro é a pior opção”.
De acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para que uma empresa faça pesquisa nos presídios é preciso entrar na Justiça com uma solicitação de acesso aos mesmos. E para que a pesquisa eleitoral seja viabilizada, deve ser registrada junto ao órgão pela empresa pesquisadora e os dados sobre sua realização devem estar disponíveis no site do Tribunal. Não há registros de nenhuma pesquisa de intenção de voto realizada em presídios e delegacias em 2018.
Finalmente, contactamos a seção de política do portal G1 e a notícia jamais foi veiculada neste meio de comunicação. A imagem é, portanto, uma montagem.
As postagens foram realizadas majoritariamente por contas de apoiadores de Jair Bolsonaro. A primeira menção desta falsa notícia foi no dia 18 de julho: um meme divulgado pela página MovimentoIndependentBR. A página SomostodosBolsonaro também replicou a imagem, assim como o perfil “Rosane Stocchero”. Um policial militar e pré-candidato a deputado federal pelo PSL, Daniel Silveira, gravou um vídeo onde divulga a falsa informação.
Vídeo de Daniel Silveira disseminando a notícia falsa, "Rejeição de Bolsonaro chega a 100%"
Parte da agenda política do presidenciável se apoia em mudanças “radicais”, segundo suas próprias palavras, nas políticas de segurança pública do país. O atual deputado federal propôs acabar com as audiências de custódia, um procedimento garantido pela Convenção Americana de Direitos Humanos, onde o acusado de um crime, preso em flagrante, pode solicitar ser ouvido por um juiz para que este avalie a legalidade de sua detenção. No dia 6 de junho, declarou ao Correio Braziliense que o problema de superlotação dos presídios no Brasil “é um problema de quem cometeu o crime”.
Influenciados pela imagem de intolerância ante a delinquência que o candidato transmite como figura pública, alguns apoiadores de Bolsonaro vêm circulando a informação de que o mesmo não é um candidato popular entre os presos. No entanto, nenhuma sondagem verificando este dado foi realizada até hoje.