Captura de tela de uma publicação no Facebook disseminando um vídeo fora de contexto, 3 de agosto de 2018. (Facebook/AFP)

Não, este vídeo não vem da guerra na Síria

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  • Publicado em 3 de agosto de 2018 às 15:52
  • Atualizado em 3 de agosto de 2018 às 20:13
  • 2 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Um vídeo assistido maciçamente nas redes sociais compara a Guerra Civil na Síria com a situação de violência no Rio de Janeiro. Ainda que as imagens realmente mostrem um conflito armado no Oriente Médio, a gravação não foi feita durante o conflito sírio.

A publicação no Facebook foi assistida mais de 10 milhões de vezes e é um dos vídeos sobre o conflito sírio mais vistos na rede social no Brasil. As imagens mostram quatro homens atirando incessantemente, utilizando armamento pesado posicionados no que aparenta ser um terraço de um prédio. Depois de um intenso fogo cruzado, o suposto alvo inimigo, que não é visto nas imagens, parece ter sido atingido e os jovens comemoram. No Brasil, internautas comentam sobre a situação na Síria e a violência no contexto brasileiro, comparando a situação da segurança pública nos dois países.

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Captura de tela de uma publicação no Facebook disseminando um vídeo fora de contexto, 3 de agosto de 2018. (Facebook/AFP)

Checamos o vídeo. Na verdade, foi apresentado pelo canal Al-Arabyia como gravado em outubro de 2014 e mostra combatentes de um grupo paramilitar iraquiano em uma batalha contra membros da organização Estado Islâmico (EI). As imagens foram realizadas no Iraque, em Baiji, a cerca de 200 quilômetros ao norte da capital Bagdá.

A gravação, onde se escuta os paramilitares pronunciarem em árabe palavras como “sair” e “fuzilar”, é um registro de um dos combates que precederam a retomada da cidade pelas forças iraquianas, ocorrida em novembro de 2014. Baiji, que abriga a maior refinaria de petróleo do Iraque, havia sido tomada pelo Estado Islâmico em junho daquele ano. O título do vídeo publicado pela agência Al-Saa al Oula, é: “Uma força iraquiana ataca a um grupo do Estado Islâmico”.

A disputa por esta zona rica em petróleo continua. A AFP reportou, no dia 19 de junho de 2018, ataques do Estado Islâmico contra a população na região desértica do centro do Iraque, que voltou a ser controlada pelo grupo islamita no decorrer da guerra. Baiji foi uma das 7 cidades alvo de uma investida que resultou em 30 pessoas raptadas, das quais 7 foram encontradas mortas, segundo declarou Ali al-Nawaf, chefe de um conselho municipal local.

A Guerra Civil Iraquiana já dura mais de 4 anos e começou depois da insurgência do Estado Islâmico no país. Segundo o escritório das Nações Unidas no Iraque, até julho deste ano 30.605 civis morreram e 55.917 foram feridos desde o início do conflito em janeiro de 2014.

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Combatentes iraquianos da mobilização popular shiita guardam posição no subúrbio da refinaria de Baiji no norte de Tikrit, na província de Salhaddin, durante uma operação conjunta com o exército iraquiano para retomar a zona restante da refinaria do controle do Estado Islâmico. 25 de maio de 2015. (AFP / Ahmad Al-rubaye)

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