Não, jovem em vídeo não é filha de Maria do Rosário

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  • Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 14:57
  • Atualizado em 22 de fevereiro de 2019 às 17:30
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  • Por AFP Brasil
A informação de que uma jovem que se manifestou contra a polícia e em favor de traficantes de drogas em um vídeo seria filha de Maria do Rosário, deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi compartilhada mais de 50.000 vezes no Facebook desde janeiro de 2019. A informação é falsa, a autora do vídeo é uma conhecida internauta que não é a filha da legisladora de esquerda.

“Adivinha quem é a mãe dessa pobre moça drogada e perdida? Pasmem, mas essa moça é filha da deputada Maria do Rosário, a defensora de bandidos que, segundo ela, são pobres vítimas da sociedade”, diz a descrição de uma das publicações no Facebook disseminando o vídeo, visto mais de 4 milhões de vezes. “Produto da louca psicopata da mãe”, comentou uma usuária.

No entanto, o vídeo original vem do perfil de uma atriz que satiriza movimentos feministas, cujo nome artístico é “Fernanda Minazzi”. Foi publicado originalmente no dia 23 de novembro de 2016. Nele, seu personagem apoia a jornalista Fátima Bernardes, que na época era hostilizada nas redes sociais sob acusações de defender os traficantes de drogas em detrimento de policiais.


Em transmissão difundida na TV Globo, a repórter perguntou a seus convidados se salvariam primeiro a um traficante gravemente ferido ou a um policial levemente ferido e estes decidiram pela primeira opção. “É importante que venhamos a esclarecer isso, nós temos aqui quase 1 milhão de agentes de segurança que se sentiram ofendidos [com a enquete], declarou o então porta-voz da Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro (PMRJ), Ivan Blaz, ao visitar o programa Encontro, apresentado por Bernardes. Então deputado federal, o presidente Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), também criticou a jornalista em um vídeo que publicou no YouTube.

As imagens feitas por “Fernarda Minazzi”, mais do que uma manifestação de apoio, são uma caricaturização do caso da jornalista, que vinha sendo uma tendência nas redes sociais naqueles dias.

Não é a primeira vez que Maria Laura Pacheco, filha de Maria do Rosário, é vítima de uma notícia falsa. Fotos de outras jovens foram diversas vezes atribuídas a ela. Em agosto de 2017, o PT denunciou o deputado federal Wladimir Costa, do partido Solidariedade, ante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O paraense foi acusado de compartilhar, em um grupo de WhatsApp de deputados e assessores, um meme que alegava mostrar Maria Laura, na época com 16 anos, seminua. A imagem, na verdade, mostrava outra adolescente.

Ações movidas por Maria do Rosário contra o presidente Jair Bolsonaro foram suspensas pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 12 de fevereiro de 2019. A parlamentar ingressou com a medida em 2014, quando Bolsonaro afirmou que ela não merecia ser estuprada porque era “muito feia”. Na última terça-feira, dia 19, o ministro do STF Marco Aurélio Mello manteve a sentença que determinou ao presidente pagar 10.000 reais de indenização por danos morais à congressista.

O vídeo que mostra uma jovem defendendo os traficantes de drogas é um sátira feita por uma atriz que simula estar sob o efeito de entorpecentes e ironiza o jargão feminista propositalmente, e que não é a filha da parlamentar petista.

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