Não, essa imagem não mostra 100 milhões de reais de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto

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  • Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 14:11
  • Atualizado em 25 de fevereiro de 2019 às 15:11
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  • Por AFP Brasil
Uma publicação compartilhada mais de 1.600 vezes nas redes sociais alega que um montante importante de dinheiro que aparece em uma imagem pertenceria a Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, ex-diretor da empresa rodoviária Dersa, controlada pelo governo do estado de São Paulo. Contudo, a fotografia original é de 2007 e foi tirada em uma apreensão de mais de 200 milhões de dólares no México.
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Captura de tela feita em 22 de fevereiro de 2019, no Brasil, de uma publicação no Facebook que supostamente mostra os 100 milhões de reais atribuídos a Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto

“Paulo Preto com 100 milhões ‘mocozado’, colocava até para secar. E o COAF, não viu nada?”, diz a descrição da publicação, feita em 20 de fevereiro de 2019, e que já tem mais de 1.600 compartilhamentos. No entanto, essa fotografia foi tirada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) do México, em 16 de março de 2007, em uma operação de combate ao tráfico de drogas.

A equipe de checagem da AFP no Brasil verificou a informação e descobriu que essa imagem não mostra, como sugere a postagem, o dinheiro incautado do ex-diretor da empresa paulista de Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira de Souza. Trata-se de uma apreensão ocorrida em 2007 na Cidade do México.

Em 16 de março de 2007, as autoridades mexicanas confiscaram 205,6 milhões de dólares em uma mansão na capital mexicana de produtores de metanfetamina, e revelaram um esquema de tráfico de drogas entre Ásia, México e Estados Unidos.

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Fotografia cedida pela Procuradoria-Geral da República do México mostra cerca de 205,6 milhões de dólares, 200.000 euros e 157.500 pesos confiscados em 15 de março de 2007 pela PGR durante uma operação em Lomas de Chapultpec, na Cidade do México (HO / PGR)

Como resultado desta operação, o empresário chinês-mexicano Zhenli Ye Gon foi preso quatro meses depois, em julho de 2007, nos Estados Unidos, e posteriormente extraditado ao México, em outubro de 2016.

Mencionado na publicação que viralizou, Paulo Preto, operador financeiro ligado ao Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), foi preso no último dia 19 de fevereiro de 2019 na 60ª fase da Operação Lava-Jato. Segundo comunicado, a Polícia Federal investiga "a existência de um complexo e sofisticado método" de lavagem de dinheiro entre 2010 e 2011 através de transferências feitas pelo empresário para a Odebrecht que chegam a R$ 100 milhões.

Ainda que Roberson Pozzobon, procurador da República, tenha afirmado em uma coletiva de imprensa, na última terça-feira, 19 de fevereiro, a descoberta de dinheiro em um "bunker" de Paulo Preto, a foto em questão não ilustra este episódio. Na verdade, trata-se de uma imagem feita no México há quase 12 anos.

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