Não, isto não é um áudio vazado em que Haddad e Manuela tramam contra o Exército

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  • Publicado em 22 de outubro de 2018 às 21:58
  • Atualizado em 23 de outubro de 2018 às 15:54
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  • Por AFP Brasil
Um vídeo disseminado nas redes sociais do Brasil alega ser o vazamento de uma conversa entre os candidatos a presidente e vice Fernando Haddad e Manuela d'Ávila,  tramando contra as Forças Armadas. A gravação foi tirada de contexto e transmite uma imagem enganosa de uma entrevista do presidenciável do Partido dos Trabalhadores (PT).

Assistida mais de 2 milhões de vezes, no Facebook e no Youtube, a descrição das imagens diz: “Vaza áudio: Haddad e Manuela, tramando contra exército e Bolsonaro”. Comentários calorosos advêm das postagens. “Vocês são traidores da pátria Brasil merece uma Pena máxima olha povo acordem espalhem esse vídeo pra todos até chegar aos militares”, disse um internauta.

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Captura de tela de uma publicação no Youtube disseminando a informação falsa, feita 22 de outubro de 2018

Checamos a informação.

Os vídeos contêm parte do áudio de uma entrevista que Haddad concedeu ao UOL, Folha de São Paulo e SBT no dia 17 de setembro de 2018. Trata-se de declarações a jornalistas, não a Manuela d'Ávila. A voz feminina na gravação é, na verdade, da jornalista do SBT, Débora Bargamasco. A sabatina é pública na internet, não se trata de um conteúdo vazado.

A fala do petista tampouco faz parte de uma trama contra o Exército, mas se encaixa no contexto de uma série de perguntas sobre a intervenção militar e a ditadura, sobre as quais o candidato é abertamente contra. Não se trata de uma trama secreta contra as Forças Armadas.

Quando questionado sobre um funcionário público que defendesse, por meio de atos ou declarações, a volta do regime militar, Haddad respondeu:

Em resumo, o vídeo divulgado não é de um vazamento, não é uma conversa entre Fernando Haddad e Manuela d'Ávila e não ilustra uma “trama” contra o Exército. O candidato à presidência pelo Partido Social Liberal (PSL), Jair Bolsonaro, sequer é mencionado no trecho da entrevista original.

Haddad, que assumiu a candidatura do PT em 11 de setembro, no lugar do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que cumpre pena de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro -, disputa o segundo turno das eleições presidenciais com o candidato de extrema-direita Bolsonaro.

No primeiro turno, Bolsonaro obteve 46% dos votos e Haddad 29%. Na pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha no dia 18 de outubro para o segundo turno, do 28 de outubro, Bolsonaro tem 59% da intenção dos votos válidos e Haddad 41%.

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