Não, este tuíte é uma montagem: o aplicativo não publicou que as mensagens foram alteradas por hackers
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- Publicado em 17 de junho de 2019 às 20:30
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- Por AFP Brasil
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“Comunicado: brasil, 11/06/2019 informamos a todos, que conferindo nossos arquivos das conversas, entre autoridades do brasil, admitimos que foram mudadas o textos por rackers, e não corresponde a verdade, já providenciamos a documentação para qualquer informação para as autoridades do brasil, assim que convocados”, diz o tuíte que, segundo postagens (1, 2), teria sido publicado pelo Telegram.
O suposto comunicado seria uma reação da empresa à divulgação pelo Intercept Brasil, no domingo 9 de junho, de mensagens trocadas entre 2015 e 2017 no Telegram por procuradores da Lava Jato e pelo então juiz federal e hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.
Entretanto, uma busca revela que a mensagem não consta na conta oficial do aplicativo no Twitter. Na verdade, o Telegram escreveu um outro tuíte no mesmo horário e dia presentes na captura de tela viralizada.
Analisando as imagens lado a lado, é possível perceber que as duas são respostas ao mesmo usuário e mencionam o mesmo link, sugerindo que o tuíte viralizado foi feito em cima desta publicação original.
Procurado pela AFP, o Telegram confirmou que o tuíte é uma montagem. “Isso é obviamente uma captura de tela manipulada. Nossa conta principal do Telegram nunca tuíta em português (muito menos em português ruim)”, disse Markus Ra, um porta-voz do aplicativo, em tradução livre.
No tuíte verdadeiro, o Telegram afirmou que, no caso das conversas de autoridades judiciais brasileiras, não há evidências de que o aplicativo tenha sido hackeado. “É mais provável que tenha sido um malware ou alguém que não utilizou uma senha de verificação em 2 etapas”, diz a publicação (também em tradução livre).
A verificação em duas etapas é uma medida de segurança adicional para impedir que terceiros acessem suas mensagens no Telegram. Quando ativado, o recurso solicita uma senha e um código enviado por SMS para abrir o aplicativo em um novo dispositivo. Em suma, a empresa afirmou que não acredita que suas barreiras de segurança tenham sido rompidas, mas que o usuário em questão foi alvo de um programa malicioso ou não utilizava as medidas de segurança em sua totalidade.
A divulgação das conversas entre o ex-juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sergio Moro e o procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol tem posto em dúvida a imparcialidade de Moro na condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018.
Em resumo, o tuíte viralizado é uma montagem e o Telegram não informou que as mensagens de Moro e de procuradores da Lava Jato divulgadas recentemente pelo Intercept Brasil foram alteradas por hackers.