Não, esta foto não mostra a Universidade de São Paulo
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- Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 11:12
- Atualizado em 18 de fevereiro de 2019 às 17:11
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- Por AFP Brasil
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É uma favela? Não, é a USP (...) onde estava aquartelada a esquerda ‘democrática’ que insistia em ‘consertar’ o país. Se não respeitam o patrimônio público, como irão ‘consertar’ o Brasil?”, diz a publicação, compartilhada mais de 1.500 vezes, e que mostra a fachada de um prédio repleta de pinturas grafite.
Checamos a informação. Na realidade, trata-se do Edifício Elisa, situado na movimentada rua Teodoro Sampaio, número 2617, no bairro de Pinheiros, na capital paulista. A construção, antes de ser repintada de branco, era um conhecido símbolo (1) de arte urbana na cidade.
O imóvel, construído em 1950, e com 4 mil metros quadrados, foi vendido pela imobiliária Coelho Fonseca a outra corretora de imóveis em 2011, relatou à AFP um funcionário da empresa.
No mesmo ano, o edifício foi ocupado pela Frente de Luta pela Moradia (FLM), uma organização da sociedade civil que defende direitos habitacionais em São Paulo, até 2014, declarou à AFP um integrante do grupo. Comerciantes locais, também contatados no dia 14 de fevereiro de 2019, declararam que o edifício continua ocupado por pessoas sem-teto.
O Serviço de Assistência Social da USP afirmou à AFP que, em São Paulo, não existe nenhuma moradia estudantil em nome da universidade fora dos campi universitários.
Fundada em 1934, a USP, um centro de ensino público, é uma das universidades mais prestigiadas do Brasil. Possui campi em São Paulo, Lorena, Bauru, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto e São Carlos. Segundo o índice de universidades QS 2019, é a terceira mais bem pontuada na América Latina e a primeira no Brasil.
A capital paulista tem visto o aumento de pessoas sem-teto. Dados do Censo da População em Situação de Rua da Cidade de São Paulo, de 2015, apontam que 15.905 pessoas vivem em situação de rua na cidade, quase o dobro do registrado em 2000.
São Paulo tem 206 ocupações com 46.000 famílias, um déficit de 358.000 residências e 830.000 domicílios precários, segundo declaração da Prefeitura à AFP no dia 17 de maio de 2018. O tema ganhou especial destaque após o 1º de maio daquele ano, quando um prédio ocupado de 24 andares, no Largo do Paissandú, no centro, pegou fogo e desabou, deixando mortos e desaparecidos.
A foto de uma construção ocupada por pessoas sem abrigo com o apoio de um grupo filantrópico foi utilizada para falsamente ilustrar as dependências de uma das entidades acadêmicas mais bem conceituadas do Brasil.