Não, Dilma Rousseff não estava dando aula a professores sobre como atrapalhar o governo Bolsonaro
- Este artigo tem mais de um ano
- Publicado em 21 de fevereiro de 2019 às 05:25
- Atualizado em 21 de fevereiro de 2019 às 06:25
- 2 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
Copyright © AFP 2017-2025. Qualquer uso comercial deste conteúdo requer uma assinatura. Clique aqui para saber mais.
“Olha a bomba terrorista do PT! Eles não desistem. A gana do poder! Pessoal: Uma pessoa na secretaria de educação do DF disse que dias atrás teve um curso obrigatório para todos os professores. (...) Passaram o dia inteirinho do curso ensinando como atrapalhar ao máximo o próximo governo. Dizendo que é para doutrinar todas as crianças e adolescentes contra o governo (...)”, indica a descrição da foto publicada no dia 13 de fevereiro de 2019.
A equipe de checagem da AFP no Brasil verificou a informação. Na verdade, a imagem original mostra a ex-presidente Dilma Rousseff (2011-2016), do Partido dos Trabalhadores (PT), durante uma aula dada em Juazeiro, na Bahia, a estudantes do Colégio da Polícia Militar sobre o combate ao mosquito Aedes Aegypti e o vínculo entre o vírus da zika e o número crescente de casos de microcefalia.
A fotografia, tirada pelo então fotógrafo da Presidência, Roberto Stuckert Filho, em 19 de fevereiro de 2016, foi adulterada com a inserção de uma imagem de Ernesto Che Guevara, o revolucionário argentino morto em 1967, no que era uma diapositiva de apresentação da aula.
Por sua vez, a foto de Che Guevara também sofreu modificações. O conteúdo inserido na foto compartilhada é uma adulteração da imagem de divulgação da versão em audiolivro da obra “Che Guevara: A Revolutionary Life”, de Jon Lee Anderson. As frases “Che Guevara é lindo” e “Um exemplo a ser seguido” foram inseridas artificialmente.
O evento protagonizado pela ex-presidente fazia parte da Mobilização Nacional da Educação Zika Zero, organizada pelo governo da petista no combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor dos vírus da dengue, chikungunya, febre amarela urbana e zika, devido ao surto deste último.
Embora a aula tenha realmente ocorrido, esta não foi realizada para ensinar a professores métodos para atrapalhar o governo de Jair Bolsonaro, do Partido Social Liberal (PSL), ou para doutrinar alunos, mas um evento de patrocínio de uma campanha de saúde nacional, três anos antes da chegada ao poder do atual presidente.