
Jaques Wagner não defendeu adiar eleição de 2026 em entrevista que comenta sobre pleito de 2030
- Publicado em 10 de outubro de 2025 às 22:38
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- Por AFP Brasil
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“Jaques Wagner propõe adiar a eleição de 2026”, diz o texto sobreposto a um vídeo que circula no Instagram.
Mensagens similares também circulam no Facebook, no TikTok, no YouTube e no X, e a alegação também foi compartilhada pelo líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante.

Algumas publicações compartilham o trecho de uma entrevista de Wagner ao programa “Estúdio I”, da emissora GloboNews, concedida em 1º de outubro, como indica a tarja inferior.
Na gravação, ele afirma: “Nós acabamos de sair de uma eleição em outubro do ano passado. Os prefeitos acabaram de tomar posse em janeiro deste ano. Você conhece outra conversa entre políticos que não seja eleição de 2026? (...) Então, pra mim, tem que ser cinco anos sem reeleição e com coincidência total. Aí vai ter que ampliar, eventualmente, aqueles que forem eleitos para ter a coincidência”.
As postagens sugerem que, assim, o senador estaria defendendo adiar as próximas eleições presidenciais e estender o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso é falso.
Uma busca no canal da GloboNews no YouTube identificou um trecho maior da entrevista concedida pelo líder do governo no Senado.
Na descrição, é informado que, antes do recorte de 2 minutos e 41 segundos de duração, a jornalista Andréia Sadi havia perguntado a Wagner sobre a sucessão de políticos para a eleição de 2030.
Em sua resposta, o senador diz que é “favorável à renovação” e que a esquerda precisa “formar novos quadros”.
Em seguida, ele critica a proximidade dos pleitos e se diz defensor de uma proposta que tramita no Senado e prevê o fim da reeleição e a implementação de mandatos de cinco anos.
O início do vídeo, em que Sadi deixa claro que estava perguntando sobre o cenário para a eleição de 2030, é omitido das peças de desinformação, assim como a parte em que Jaques Wagner cita que as mudanças que defende estão no Senado e que é “difícil” pensar em um cenário para o ano de 2030, mas que “espera” que essas novas regras sejam aprovadas.
A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 12/2022 defendida pelo senador foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em maio deste ano e enviada para análise do plenário do Senado.
Se aprovada, a proposta impediria a reeleição em cargos do Executivo — prefeitos, governadores e presidente. Em contrapartida, os mandatos passariam a ser de cinco anos.
Pelas regras de transição propostas no parecer do relator da matéria, o senador Marcelo Castro (MDB), nada mudaria nas eleições de 2026, sendo assim, os eleitos nesse pleito poderiam concorrer à reeleição. As mudanças passariam a valer para os candidatos a partir da eleição de 2030.
A PEC ainda inclui eleições unificadas para todos os cargos a partir de 2034 e mandatos de cinco anos para senadores, deputados e vereadores.
O senador reafirmou sua posição favorável ao projeto em uma publicação feita em seu perfil no X na mesma data da entrevista.
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