Água encanada da cidade de Itu não foi contaminada por metanol

  • Publicado em 3 de outubro de 2025 às 19:56
  • 2 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Enquanto autoridades investigam casos de intoxicação por metanol após consumo de bebidas alcoólicas, publicações com mais de 5 mil compartilhamentos desde 29 de setembro de 2025 alegam que a água encanada de Itu, em São Paulo, teria sido contaminada pela substância, após apresentar coloração rosa. Porém, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) informou que a alteração ocorreu devido ao aumento na dosagem de um produto químico utilizado no tratamento da água e que o metanol não faz parte desse processo. Além disso, o metanol é incolor e não poderia ser responsável pela tonalidade rosada.

Moradores de Itu se assustam com água rosa nas torneiras; CIS apura possível contaminação por metanol”, lê-se, junto a uma imagem compartilhada no Facebook. Alegações semelhantes circulam também no Instagram e no TikTok, e algumas delas apontam que a Polícia Civil estaria investigando o caso.

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Captura de tela feita em 1º de outubro de 2025 de uma publicação no Facebook (.)

As publicações começaram a circular após moradores de Itu relatarem que a água encanada apresentou coloração rosa em 29 de setembro de 2025.

O caso ocorreu em meio às investigações sobre a intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas. Até a publicação desta checagem, foram notificados 60 casos suspeitos de intoxicação pela substância em todo o Brasil, 11 deles foram confirmados — todos em São Paulo. Há casos em investigação em outros estados. Uma morte foi confirmada e outras sete estão sendo investigadas.

Contudo, a alteração da cor da água em Itu não está relacionada com a contaminação por metanol.

O que aconteceu em Itu

Após a água encanada de Itu apresentar coloração rosa, a Companhia Ituana de Saneamento (CIS) divulgou um comunicado, em 30 de setembro, informando que houve um problema mecânico que elevou a adição de um produto químico durante o tratamento. Segundo a empresa, a situação já havia sido normalizada.

No dia seguinte, a CIS emitou outra nota negando a alegação de que a água teria sido contaminada por metanol e reforçando que a substancia não é usada no processo de tratamento da água.

O comunicado acrescenta que o metanol é uma substância com odor característico, inflamável e incolor, dessa forma, não poderia ser responsável pela coloração rosa. “Portanto, não há motivo razoável para tal associação”, reiterou a companhia.

Consultado pelo AFP Checamos, o analista químico do Conselho Federal de Química (CFQ) Siddhartha Giese reforçou em 2 de outubro de 2025 que é “pouco provável” que o metanol tenha contaminado a água de Itu.

O metanol é incolor, altamente volátil e miscível em água, ou seja, não possui propriedades capazes de conferir uma coloração visível ao líquido. Além disso, por sua toxicidade, ele não é utilizado em nenhum processo de tratamento de água potável.”

Giese observou ainda que a coloração pode ter sido causada por “fenômenos naturais de crescimento microbiano pigmentado ou interações químicas em níveis específicos da rede de distribuição”.

Procurada, a assessoria de imprensa da Secretária de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disse que não há informações sobre a contaminação de água por metanol. Ainda de acordo com a assessoria, sete estabelecimentos foram interditados e mais de mil garrafas de bebidas alcoólicas foram apreendidas.

Até o encerramento desta matéria, não há nenhum caso de contaminação por metanol em investigação ou confirmado em Itu.

Este conteúdo também foi verificado por Aos Fatos e Reuters.

Referências

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