
Fechamento de fábrica da Toyota em Indaiatuba ocorreu porque a produção será transferida para Sorocaba
- Publicado em 7 de agosto de 2025 às 19:23
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Marfrig stopando planta de produção; Gerdau mandando 1500 embora; Toyota”, diz a legenda de uma das publicações no X, que é acompanhada de uma notícia intitulada: “Fim triste: Toyota fechará fábrica no interior de SP após 27 anos, com 1,5 mil funcionários”.
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As publicações circulam em meio a um ambiente de pressão econômica sobre o Brasil por parte dos Estados Unidos, que, em 30 de julho de 2025, oficializaram a imposição de tarifas comerciais de 50% sobre produtos brasileiros, em um movimento que foi ao menos parcialmente motivado pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Embora o decreto assinado por Trump tenha poupado produtos importantes para o Brasil, como suco de laranja, energia, aeronaves e fertilizantes, outros itens como café e carne bovina serão submetidos a tarifas aduaneiras suplementares de 50% a partir de 6 de agosto de 2025.
O fechamento da fábrica da Toyota em Indaiatuba, porém, não tem relação com esse cenário.
O encerramento das atividades na cidade foi anunciado pela fabricante japonesa em março de 2024, quando a Toyota afirmou que iria investir na ampliação das atividades de sua fábrica em Sorocaba, outra cidade do interior paulista.
“Para efetivar essa significativa expansão da capacidade produtiva, será necessário construir novas instalações no local [Sorocaba], para as quais serão transferidas as operações produtivas de Indaiatuba (SP). Isto ocorrerá de forma gradual, a partir de meados de 2025, com conclusão prevista para o final de 2026”, diz o comunicado publicado pela empresa em 5 de março de 2024.
No mesmo comunicado, a Toyota também destacou que o movimento visava a manutenção de “100% dos empregos e a criação de 500 novos postos de trabalho na planta de Sorocaba, com o objetivo de apoiar o crescimento da capacidade produtiva”.
Em maio de 2024, a Toyota concluiu um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região a respeito dos 1,5 mil funcionários da fábrica de Indaiatuba. O acordo prevê estabilidade aos funcionários de Indaiatuba até julho de 2026. Aqueles que optarem pela realocação para a planta de Sorocaba terão estabilidade garantida até julho de 2029.
Aos que optarem por não se realocar, a proposta de demissão voluntária da empresa (PDV) prevê o pagamento de 45 salários.
Procurada pelo AFP Checamos, a assessoria de imprensa da Toyota afirmou, em 6 de agosto, que a transferência das operações da unidade de Indaiatuba para Sorocaba foi anunciada em março de 2024 e “foi uma decisão estratégica da companhia com a finalidade de unificar e otimizar sua produção”.
“A iniciativa faz parte do plano de investimento de R$ 11,5 bilhões, que prevê a ampliação da capacidade produtiva e a criação de 2 mil novos empregos na região até 2030”, acrescenta a nota.
Marfrig e Gerdau
As publicações também citam as empresas Marfrig e Gerdau que teriam, respectivamente, paralisado sua planta de produção e demitido 1,5 mil funcionários.
Em 30 de julho, a Folha de S.Paulo de fato publicou que a empresa Marfrig, uma das maiores empresas de carne do mundo, havia paralisado a produção destinada aos Estados Unidos de seu complexo em Várzea Grande, em Mato Grosso.
“Conforme informações obtidas pela Folha, a empresa afirmou ao Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) que o pedido de paralisação temporária está ligado a motivos comerciais”, diz a reportagem.
Procurada pelo AFP Checamos, a Marfrig afirmou em 5 de agosto que “a informação sobre a interrupção na produção é improcedente” e que “as unidades da Marfrig seguem operando normalmente, sem interrupções nas linhas de produção e em plena capacidade”. Essa informação também foi divulgada pela empresa em um Comunicado ao Mercado, publicado em 1º de agosto, dois dias após a divulgação da matéria publicada pela Folha de S.Paulo.
Já o CEO da Gerdau, uma das principais siderúrgicas do país, afirmou à imprensa que, de janeiro até julho de 2025, a empresa já desligou 1.500 funcionários. Gustavo Werneck também lamentou a entrada de produtos estrangeiros com preços mais baixos no mercado nacional e pediu medidas mais protecionistas por parte do governo federal, segundo relatado pelo Valor Econômico.
Procurada pelo AFP Checamos, a empresa não respondeu até a publicação desta verificação.