Anúncios promovem falsa indenização da Caixa usando as imagens de Haddad, Alckmin e Bonner

  • Publicado em 21 de julho de 2025 às 19:55
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Um vídeo com mais de 900 interações nas redes sociais circula desde 12 de julho de 2025 como se mostrasse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), divulgando uma indenização oferecida a clientes da Caixa que pagaram “taxas ilegais”. Outras publicações usam as imagens do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do apresentador e jornalista William Bonner. Mas os conteúdos foram manipulados a partir de outras gravações. Procurada pela AFP, a Caixa Econômica Federal também negou a autenticidade do conteúdo.

A Caixa Econômica cobrou taxas ilegais, juros abusivos e empurrou contratos cheios de irregularidades. Se você teve empréstimo, financiamento, cartão ou conta ativa na Caixa… você pode ter direito a receber uma bolada de volta. Já tem gente recebendo R$3.200, R$5.700 e até mais de R$10.000 em indenização”, diz a legenda de um vídeo que mostra o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Tem muita gente que fez a consulta para receber a indenização da Caixa Federal, mas não sacou porque não entendeu direito como funciona. Então eu vou explicar aqui pra vocês”, diz supostamente o ministro.

Conteúdos semelhantes circulam no Facebook, com outras versões que usam as imagens do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do apresentador William Bonner.

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Captura de tela feita em 18 de julho de 2025 de uma publicação no Facebook (.)

Contudo, o Checamos não localizou nenhuma notícia sobre uma suposta indenização oferecida a clientes da Caixa por cobrança de taxas ilegais. A única notícia recente, de 11 de julho de 2025, refere-se a uma condenação proferida pela 2ª Vara Federal de Dourados, no Mato Grosso do Sul, que sentenciou a Caixa ao pagamento de danos materiais e morais pelo descumprimento do prazo de entrega do imóvel de uma cliente. Mas a indenização é destinada a apenas uma pessoa.

Outro indício de que os anúncios são fraudulentos está nos links divulgados, que acabam em “.com.br”, em vez de “.gov.br”, como o site oficial da Caixa.

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Capturas de tela feitas em 18 de julho de 2025 de dois anúncios no Facebook com detalhes assinalados pela AFP (.)

Além disso, Haddad, Alckmin e Bonner não divulgaram a tal indenização. Os vídeos usados como base para criar os conteúdos manipulados foram encontrados pelo Checamos por meio de buscas reversas no Google.

Na gravação original de Haddad, publicada no Instagram em fevereiro de 2024, o ministro fala sobre a campanha de combate à dengue daquele ano.

O vídeo original de Alckmin também foi localizado no Instagram, em uma publicação de janeiro de 2025. Nela, o vice-presidente desmente que o governo pretendesse taxar o PIX a partir do monitoramento de transações financeiras — alegação que foi verificada pela AFP no período.

Já o registro de William Bonner foi localizado em uma publicação de novembro de 2022, feita por um perfil administrado por um fã do jornalista no TikTok. Na ocasião, o apresentador do Jornal Nacional falou sobre o relatório apresentado pelo Partido Liberal (PL) questionando o resultado do segundo turno das eleições de 2022.

O Checamos procurou a assessoria de imprensa do banco, que informou que não reconhece os conteúdos. “A CAIXA não realiza por meio de terceiros a distribuição de links compartilhados em mídias sociais ou aplicativos de mensagens. Recomendamos que a população não acesse, compartilhe ou forneça dados pessoais em links suspeitos”.

O banco também reiterou que só divulga informações em seus canais oficiais nas redes sociais ou pelo site. “Por fim, orientamos que, em caso de dúvidas, os cidadãos entrem em contato pelos canais oficiais de atendimento: 4004 0104 (Capitais e Regiões Metropolitanas) e 0800 104 0104 (Demais regiões)”.

Referências

Há alguma informação que você gostaria que o serviço de checagem da AFP no Brasil verificasse?

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