
Gravação em que Lula nega ajuda militar é de 2023 e não tem relação com o conflito entre Irã e Israel
- Publicado em 25 de junho de 2025 às 20:25
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- Por AFP Brasil
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“Lula diz que negou ajuda militar ao Irã porque quer acabar com a guerra”, diz a legenda sobreposta a um vídeo que circula no Instagram, no Facebook, no YouTube, no X, no TikTok e no Kwai.
Na gravação, Lula diz: “Eu não quis mandar [munições] porque eu falei: ‘Se eu mandar, eu entrei na guerra’ (...). E eu não quero entrar na guerra, eu quero acabar com a guerra. Esse é o meu dilema, meu compromisso”.

O conteúdo começou a circular depois da eclosão da guerra entre Israel e Irã, iniciada no último dia 13 de junho, após uma ofensiva israelense no território iraniano que mirou instalações nucleares e militares.
O cessar-fogo do conflito, que deixou ao menos 610 mortos do lado iraniano e 28 do lado israelense, segundo autoridades oficiais, foi anunciado após 12 dias de guerra e bombardeio dos Estados Unidos à República Islâmica.
O governo brasileiro condenou o ataque norte-americano no Irã e considerou que seria uma “violação da soberania” do país, que integra o BRICS, bloco inicialmente fundado por Brasil, Rússia, Índia e China.
Mas o vídeo em que Lula nega envio de ajuda militar não foi gravado nesse contexto e tampouco é atual.
Declaração sobre guerra entre Rússia e Ucrânia
Uma busca no Google com o termo “Lula” e a frase “se eu mandar, eu entrei na guerra”, dita pelo mandatário na sequência viral, levou a uma notícia da CNN Brasil, publicada em 10 de fevereiro de 2023, sobre uma entrevista exclusiva.
O texto informa que Lula negou o envio de munição no contexto da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 após uma ofensiva russa. Segundo o presidente, o envio significaria o envolvimento do Brasil no conflito.
A notícia é acompanhada de um vídeo de pouco mais de dois minutos em que se vê, a partir de 1 minuto e 12 segundos, o mesmo trecho visualizado nas peças de desinformação.
Antes desse fragmento viral de 25 segundos, a jornalista questiona Lula se a Ucrânia tem o direito de defesa. Lula então responde que “lógico” que o país possui esse direito e afirma que a invasão da Rússia foi um equívoco.
Ele também cita uma reunião com o então chanceler alemão Olaf Scholz e é nesse momento que a jornalista afirma que “ele pediu que o senhor enviasse os seus tanques leopard para ele, e o senhor disse não”, trecho inicial visto na sequência viralizada, que segue com a negativa de Lula sobre o envio de munição.
Na entrevista, feita em Washington pouco mais de um mês após a sua posse, Lula fala sobre a guerra na Ucrânia, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o encontro que teria em seguida com o então presidente norte-americano, Joe Biden.
Não há citações ao Irã durante os 25 minutos de entrevista.
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