
Manchete da Folha sobre favoritos para assumir o papado foi manipulada digitalmente
- Publicado em 23 de abril de 2025 às 20:22
- 2 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Apenas dois negros e nenhum LGBTQIA+. Veja quem são os favoritos para ser o novo Papa.”, lê-se em uma imagem com elementos visuais do jornal Folha de S. Paulo, compartilhada no X, no Threads, no Instagram e no Facebook.
O conteúdo começou a circular após o Vaticano anunciar a morte do papa Francisco aos 88 anos, no último 21 de abril. Com a partida do líder religioso, a Igreja católica deve iniciar nos próximos dias o conclave, quando 135 cardeais eleitores votarão para escolher o próximo papa.

A suposta manchete da Folha, no entanto, apresenta inconsistências. A palavra “Papa” é escrita com inicial maiúscula, o que foge ao padrão do jornal. Como é possível ver em outros artigos publicados, o jornal escreve “papa” sempre com inicial minúscula. Além disso, o título da imagem viral apresenta ponto final, o que não acontece em manchetes reais do diário.
O Checamos não conseguiu localizar a suposta manchete ao buscar pelo título da imagem viral. Mas, ao pesquisar pelo subtítulo, foi localizado um artigo intitulado “Francisco indicou 80% dos cardeais que elegerão novo papa; saiba quem são os apontados como favoritos”. O texto foi publicado no dia 21 de abril de 2025 às 9h54 e atualizado no dia seguinte às 13h32.
Por meio de uma busca no WayBackMachine, site que permite visualizar versões antigas de uma página, o Checamos encontrou a versão original do texto, intitulada: “Saiba quem são cardeais apontados como favoritos para suceder papa Francisco; não há brasileiros na lista”.
Como explicado anteriormente pela AFP, é possível fazer esse tipo de manipulação no texto por meio de alterações no código HTML de uma página. Nesse caso, o título adulterado só é visto no computador do usuário que realizou as mudanças, porém isso permite que o usuário em questão crie uma captura de tela com as alterações.
À AFP, a Folha confirmou que a regra do jornal é escrever “papa” com letra inicial minúscula e afirmou que "não publicou essa reportagem".