
Filmagem de busca e apreensão da PF não mostra operação contra frei Gilson em março de 2025
- Publicado em 24 de março de 2025 às 15:33
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Vejam a que ponto chegou a perseguição política no nosso país…. PF invadindo a casa do Bispo Gilson, só pq ele fez lives de oração para patriotas”, diz uma das publicações compartilhadas desde 15 de março no Facebook, no Instagram, no X, no Threads, no Telegram e no TikTok.
O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar mensagens vistas em redes sociais, caso duvidem de sua veracidade.

Na sequência viral, dois agentes da Polícia Federal confirmam os dados de identidade de um homem dentro de sua residência. Um dos policiais afirma que a ação se trata apenas de uma “busca”, mas é corrigido pela delegada que acompanha a ação, que diz que “agora ele está preso em flagrante delito por desacato”.
Ao longo do vídeo, o homem e sua esposa discutem com os agentes pela abordagem utilizada pela PF, que teria “quase arrombado” o portão do local. Sobrepostos à filmagem, o logotipo do portal Metrópoles aparece ao lado dos dizeres: “‘Invadiram a casa de um patriota’, disse secretário preso ao brigar com a PF”.
Mas o conteúdo não mostra uma ação da PF contra o frei Gilson.
Frei Gilson
Em 8 de março de 2025, Gilson da Silva Pupo Azevedo, conhecido como frei Gilson — sacerdote da Igreja Católica popular entre conservadores —, se tornou alvo de críticas nas redes sociais após a viralização de trechos de suas pregações em que afirma que as mulheres teriam sido feitas “para curar a solidão do homem” e serem suas “auxiliares”, além de outros recortes com falas sobre racismo e comunismo.
O sacerdote, que reúne mais de 1 milhão de espectadores em transmissões ao vivo no YouTube, foi classificado por grupos de apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como uma “aposta” de bolsonaristas para “tomar a Igreja Católica”. Em contrapartida, as críticas suscitaram declarações de apoio por políticos da oposição, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Apesar de nunca ter expressado apoio a políticos específicos, o sacerdote foi um dos quatro religiosos citados no inquérito final da Polícia Federal sobre uma tentativa de golpe de Estado, ainda que não tenha sido indiciado pela PF, nem denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
Operação de fevereiro de 2025 no Mato Grosso
Uma busca no Google pelos dizeres exibidos no vídeo viral conduziu ao artigo correspondente do portal Metrópoles, publicado em 14 de fevereiro de 2025.
A matéria explica que o homem visto na gravação é Gustavo Henrique Duarte, então secretário de Assistência Social de Várzea Grande, no Mato Grosso. Ele foi detido pela Polícia Federal durante a Operação Fake News, que investigava a “disseminação de informações falsas” contra o governador do estado, Mauro Mendes, no pleito de 2022.
Um dos três alvos de mandados de busca e apreensão pela operação em Cuiabá, Duarte posteriormente foi exonerado de seu cargo. Após ser detido, ele foi ouvido e liberado na sede da PF.
Uma pesquisa no Google pelas palavras-chave “Polícia Federal” e “Gilson da Silva Pupo Azevedo” ou “frei Gilson” não encontrou nenhum registro de prisão ou operação policial contra o sacerdote.
Referências
- Reportagens sobre frei Gilson (1, 2, 3, 4, 5)
- Matéria publicada pelo portal Metrópoles em 14 de fevereiro de 2025
- Artigo sobre a detenção de Gustavo Dutra na Operação Fake News em fevereiro de 2025