Barco policial recolhe destroços no rio Potomac depois que o voo 5432 da American Airlines se chocou contra um helicóptero do Exército dos Estados Unidos, em 30 de janeiro de 2025 (AFP / Oliver Contreras)

É falso que a militar trans Jo Ellis pilotava o helicóptero que se chocou contra um avião nos EUA

Em 29 de janeiro de 2025, um helicóptero do Exército dos Estados Unidos se chocou contra um avião comercial em Washington D.C., deixando 67 mortos. Desde o acidente, publicações visualizadas mais de 83 mil vezes nas redes sociais alegam que a militar transgênero Jo Ellis era quem pilotava a aeronave militar Black Hawk, sugerindo que o ocorrido poderia ter sido um “ataque terrorista trans”. Contudo, Ellis não estava na tripulação da colisão fatal e se pronunciou sobre o episódio em um vídeo publicado em seu perfil no Facebook.

“O piloto do helicóptero militar Black Hawk que colidiu com um avião de passageiros em Washington era um transgênero anti-Trumpista. Um dia antes do acidente, Ellis publicou uma série de postagens nas redes sociais protestando contra a política de Trump de proibir pessoas transgênero de prestar serviço militar”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook.

Jo Ellis serviu na Guarda Nacional da Virgínia por 15 anos e fez a transição enquanto servia como piloto. Foi uma missão suicida? Porque o co-piloto não a deteve? Ou estamos vendo algum tipo de Psyop?”, diz outra mensagem compartilhada no Instagram, no X e no Telegram.

O conteúdo também circula em espanhol e em inglês.

Image
Captura de tela feita em 11 de fevereiro de 2025 de uma publicação no Facebook (.)

Após a colisão ocorrida em 29 de janeiro de 2025 entre um avião comercial da American Airlines e um helicóptero militar Black Hawk no rio Potomac, que separa a capital norte-americana de Washington do estado da Virgínia, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que as políticas de diversidade e inclusão adotadas por seus antecessores democratas poderiam ter influenciado o acidente.

Dois dias antes, o mandatário havia assinado um decreto para retirar pessoas trans do Exército.

A bordo do voo da American Airlines estavam 60 passageiros e quatro tripulantes, segundo comunicou a empresa. Enquanto isso, de acordo com um oficial militar, três membros do Exército norte-americano viajavam no helicóptero.

As publicações virais relacionam o acidente aéreo em Washington com as políticas de diversidade nas Forças Armadas, criticadas por Trump.

Mas as afirmações de que Jo Ellis estava pilotando o Black Hawk são falsas.

Declaração de Jo Ellis

Em seu perfil no Facebook, que inclui fotografias suas em uniforme militar, Jo Ellis publicou um vídeo em 31 de janeiro dizendo que estava “viva e bem”.

Nas imagens, ela se apresenta como “uma pilota de Black Hawk da Guarda Nacional do Exército da Virgínia” e afirmou: “Entendo que algumas pessoas me associaram com o acidente em D.C. e isso é falso”.

Nessa e em outra publicação compartilhada em seu perfil, Ellis qualificou o conteúdo viralizado como “um insulto às vítimas e às famílias dos falecidos”.

Em 28 de janeiro, quando Trump anunciou as medidas tomadas para eliminar pessoas transgênero do Exército, a pilota de fato publicou um texto no site “Smerconish.com”, na qual relatou sua vida e seu trabalho como militar no Iraque e em outros locais.

Quem estava a bordo do Black Hawk?

Inicialmente, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos confirmou os nomes de dois dos pilotos do helicóptero envolvido no acidente, mas não revelou a identidade da terceira pessoa a bordo, uma pilota, “a pedido da família”.

Os dois pilotos eram Ryan O’Hara, chefe da tripulação, e o chefe suboficial 2, Andrew Eaves.

Em 30 de janeiro, o governador do Mississippi, Tate Reeves, disse em seu perfil no X que “o chefe suboficial 2 Andrew Eaves” se encontrava entre os falecidos no acidente. Na mesma data, Carrie Eaves publicou em seu perfil no Facebook uma declaração em que confirmava que seu marido era uma das vítimas da colisão.

A terceira vítima foi identificada posteriormente como Rebecca M. Lobach, que era co-pilota do Black Hawk.

Referências

Há alguma informação que você gostaria que o serviço de checagem da AFP no Brasil verificasse?

Entre em contato conosco