Beyoncé não disse em um comício que apoia Kamala Harris pelo acesso ao aborto “até o nascimento”
- Publicado em 30 de outubro de 2024 às 17:18
- 3 minutos de leitura
- Por Roxana ROMERO, AFP Estados Unidos
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“Beyoncé anuncia que está apoiando Kamala por causa do acesso ao aborto até o nascimento. É literalmente um voto para Satanás. Todos sabem o porquê ela está apoiando essa gente”, diz uma das publicações compartilhadas no X, no Facebook, no Instagram e no Telegram.
O conteúdo também circula em espanhol e inglês.
Em 25 de outubro, o estado norte-americano do Texas se transformou no “marco zero” pela defesa do direito ao aborto para Kamala Harris e Beyoncé, e pela luta contra a migração ilegal para Donald Trump.
O território texano, estado sulista governado por republicanos, é uma parada pouco ortodoxa para os candidatos, que, se supõe, deveriam focar suas energias nos sete estados-chave que provavelmente decidirão quem será o próximo ocupante da Casa Branca.
No próprio dia 25, Beyoncé, acompanhada de sua irmã Kelly Rowland, participou de um comício em defesa dos direitos reprodutivos em sua cidade natal, Houston, no Texas. Diante de mais de 20 mil pessoas, a estrela do pop fez um discurso anunciando seu apoio à candidata democrata e sobre a importância do voto.
Nenhuma declaração sobre aborto “até o nascimento”
Uma busca reversa por fragmentos do vídeo no Google conduziu a uma publicação no canal oficial de Kamala Harris no YouTube, em 25 de outubro de 2024.
No conteúdo completo, é possível constatar que Beyoncé não falou do “aborto até o nascimento”. Durante sua fala, de pouco menos de cinco minutos, a artista declarou não estar ali como política nem como celebridade.
“Estou aqui como uma mãe que se preocupa profundamente com o mundo onde vivem os meus filhos e todos os nossos filhos, um mundo onde temos a liberdade de controlar nossos corpos, um mundo onde não estamos divididos”, afirmou.
A também empresária acrescentou: “Imaginem nossas filhas crescendo vendo o que é possível, sem limites nem tetos. Imaginem nossas avós. Imaginem o que elas sentem nesse momento. Imaginem aqueles que viveram para ver este dia histórico”.
Ela ainda afirmou que o Texas tem um papel crucial para mudar o rumo do futuro dos Estados Unidos e convidou todos os texanos a votar e “cantar uma nova canção”.
“Nosso momento agora é que os Estados Unidos cantem uma nova canção. Nossas vozes cantam um coro de unidade, cantam uma canção de dignidade e oportunidade”, completou.
A transmissão completa do evento dura quase três horas e o único momento em que Beyoncé aparece é a partir de 2:03:05, e a cantora discursa apenas entre 2:06:18 e 2:10:49.
Aborto “até o nascimento”
A porta-voz da União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), Keisha Mulfort, disse à AFP em 24 de setembro de 2024 que o aborto até o nascimento é considerado pela legislação como assassinato.
“O aborto após o nascimento não é um aborto; é assassinato [infanticídio], que é um delito em todos os estados”, disse a representante de uma das organizações que apoiam a Emenda 4, que será votada na Flórida em 5 de novembro para ampliar constitucionalmente o prazo para interromper a gravidez até a viabilidade, entre as 20 e 25 semanas.
Assim como a Flórida, outros dez estados votarão nas eleições de novembro por alguma medida relacionada ao aborto.