Operação do FBI por venda ilegal de restos humanos nos EUA não teve ligação com McDonald’s
- Publicado em 22 de outubro de 2024 às 18:47
- 3 minutos de leitura
- Por Roxana ROMERO, AFP Estados Unidos
- Tradução e adaptação AFP Brasil
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“ALERTA: FBI DESCOBRE RESTOS HUMANOS NO FORNECIMENTO DE CARNE DO MCDONALD'S? A VERDADE OBSCURA QUE VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR” é a legenda de publicações no Facebook, no Instagram, no Telegram, no Kwai, no TikTok e no X.
O conteúdo também circula em inglês e espanhol.
Investigação não está relacionada ao McDonald’s
Uma busca reversa no Google por fragmentos do conteúdo viral levou ao vídeo original, publicado em 13 de dezembro de 2013 na página oficial do Canal 7 da WXYZ-TV Detroit no YouTube, sob o título: “FBI encontra restos mortais de muitas pessoas”.
Na reportagem, o jornalista Jim Kiertzner mostra um imóvel e dois carros e relata que foram encontradas “várias caixas do que se acredita serem restos humanos” na empresa International Biological. Em nenhum momento ele menciona a rede de fast food McDonald’s. Kiertzner também afirma que “todas as evidências” coletadas no local seriam levadas ao escritório do legista do condado de Wayne para análise.
Segundo o repórter, o proprietário do negócio era Art Rathburn, uma pessoa que possuía licença funerária em Michigan desde 1982. Kiertzner esclarece no vídeo que o dono da empresa não estava sendo acusado de nenhum crime nem havia sido detido naquele momento.
Uma pesquisa no Google usando os termos “International Biological”, “FBI” e “Art Rathburn”, filtrando pelo período entre 1º de dezembro de 2013 e 31 de dezembro de 2014, exibiu uma reportagem de setembro de 2014 sobre a suspensão da licença funerária de Rathburn, “após agentes do FBI, com trajes especiais, revistarem o local em dezembro de 2013.”
Uma outra busca no Google com os mesmos termos, aumentando o filtro da data até outubro de 2024, levou a um comunicado publicado em 22 de maio de 2018 pela Procuradoria do Distrito Leste de Michigan.
O boletim detalha que Rathburn, de 63 anos, foi considerado culpado de sete das nove acusações de fraude eletrônica e da acusação de transporte ilegal de materiais perigosos, sendo condenado a nove anos de prisão federal.
De acordo com as provas apresentadas durante o julgamento, por meio de sua empresa, Rathburn alugava partes de corpos humanos, como cabeças e torsos, para clientes que as utilizavam para treinamento médico ou odontológico.
“Rathburn sabia que os doadores de vários desses corpos tinham morrido de uma doença infecciosa, ou que os corpos tinham testado positivo para uma doença infecciosa. Às vezes, ele obtinha restos infectados de seus fornecedores a um custo reduzido”, afirma o comunicado. O texto acrescenta que Rathburn dizia aos seus clientes que os restos mortais estavam livres desse tipo de enfermidades.
A busca também levou a outro comunicado do Departamento de Transportes dos Estados Unidos, publicado em 22 de janeiro de 2018, que traz as mesmas informações anteriores e tampouco menciona o McDonald’s. Uma pesquisa no Google usando os termos em inglês “McDonald's” e “carne humana” não trouxe resultados.
Um porta-voz do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar, que pertence ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, confirmou à AFP por e-mail em 9 de outubro que a informação viral é falsa.
“A introdução de carne humana ou qualquer outro material estranho em um produto à base de carne, aves ou ovos o tornaria adulterado segundo a lei e impróprio para consumo humano, portanto, a sua comercialização não seria permitida”, afirmou. A informação foi reforçada por Janell Goodwin, assessora de imprensa da Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês).