Conteúdo engana ao relacionar superávit de 2022 aos quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro
- Publicado em 27 de junho de 2024 às 16:43
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- Por AFP Brasil
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“4 anos 54 bilhões superávit”, lê-se no lado esquerdo da imagem, que contém ilustrações da bandeira do Brasil e do Capitólio dos Estados Unidos.
Do outro lado, a frase “1 ano 230 bilhões déficit” é ilustrada com pessoas que vestem camisetas vermelhas com o número 13 nas costas, além de carregarem foices e bandeiras também na cor vermelha. A imagem é compartilhada no Instagram, no Threads, no Facebook, no X, no Kwai, no TikTok e no YouTube.
Os símbolos utilizados na imagem indicam se tratar de uma comparação entre o governo de Bolsonaro (2019-2022), marcado pelo uso das cores da bandeira do Brasil, e de Lula, que tomou posse pela terceira vez como presidente em 1º de janeiro de 2023, uma vez que o número 13 e o vermelho fazem parte da identidade de seu partido.
Algumas publicações confirmam isso ao citar nominalmente os presidentes.
No início de 2024 foi noticiado que, de fato, no primeiro ano da gestão Lula houve um déficit primário nas contas públicas — quando há mais despesas do que arrecadação de receitas — de R$ 230,5 bilhões, valor aproximado ao citado nas peças de desinformação.
Contudo, as publicações enganam ao apontar que em quatros anos de governo Bolsonaro houve superávit de R$ 54 bilhões.
Cifra de 2022
Uma pesquisa no Google com os termos “contas públicas”, “Bolsonaro” e “54 bilhões” levou a uma notícia do Jornal Nacional datada de janeiro de 2023 informando sobre um superávit primário de R$ 54,1 bilhões em 2022, ou seja, que houve uma arrecadação de receitas maior do que as despesas naquele ano.
O texto também indica que o resultado foi o melhor em oito anos, após sucessivos registros de rombos nas contas públicas.
No entanto, esse foi o único ano da gestão de Bolsonaro em que foi registrado superávit, como mostrou outra pesquisa com os termos “resultado primário” e limitando os resultados para os anos em que o ex-mandatário esteve no Palácio do Planalto.
Em 2019, no primeiro ano de seu mandato, as contas públicas fecharam o exercício com déficit primário de R$ 95,1 bilhões.
Já em 2020, em um contexto de pandemia da covid-19, o rombo foi de R$ 743,1 bilhões, o maior (1, 2, 3) desde o início da série histórica.
Por fim, em 2021 as contas públicas apresentaram um déficit de R$ 35 bilhões, sendo 95,5% menor do que no ano anterior e, à época, representava o melhor resultado desde 2013.