Gravação de homem espancando uma mulher não mostra filho de Lula denunciado por agressão

  • Publicado em 12 de abril de 2024 às 21:25
  • 3 minutos de leitura
  • Por AFP Brasil
Em 2 de abril de 2024, o filho mais novo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Luís Cláudio, foi denunciado por sua parceira por agressão física e abuso psicológico na Delegacia da Mulher, em São Paulo. Desde então, publicações com mais de 10 mil visualizações compartilham um vídeo registrado por uma câmera de segurança no qual um homem espanca uma mulher com a alegação de que este seria Luís Cláudio. Mas isso é falso: as gravações mostram outro caso de violência doméstica, ocorrido no Distrito Federal em fevereiro de 2024.

“O Filho do Maior Ladrão do Brasil Lula agredindo a esposa, Cadê as Lacradoras prostitutas da Rede Globo agora pra dizer mexeu com uma mexeu com todas, a hipocrisia nesse país dá vontade de Vomitar!”, diz uma das publicações compartilhadas no Facebook, no Instagram, no X, no Kwai e no Telegram.

O conteúdo também foi enviado ao WhatsApp do AFP Checamos, para onde os usuários podem encaminhar conteúdos vistos em redes sociais, se duvidarem da sua veracidade.

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Captura de tela feita em 11 de abril de 2024 de uma publicação no Facebook (.)

Luís Cláudio Lula da Silva, conhecido como “Lulinha”, foi denunciado na Delegacia da Mulher, em São Paulo, por supostas agressões físicas e psicológicas contra sua companheira, Natália Schincariol, em 2 de abril de 2024.

A denúncia, que cita “ameaças e ofensas constantes” e “uma cotovelada na barriga”, foi considerada “coerente e verossímil” pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) que, em 3 de abril, determinou que Luís Cláudio mantenha distância da companheira.

A Secretaria de Segurança de São Paulo confirmou à AFP que “as ações teriam tido início em janeiro deste ano” e que o caso está sendo investigado pela Delegacia da Defesa da Mulher (DMM). A defesa do filho do mandatário negou as acusações.

Contudo, as imagens virais de uma cena de violência doméstica capturada por câmeras de segurança não mostram Luís Cláudio Lula da Silva e Schincariol.

Caso de fevereiro no DF

Uma busca reversa no Google por fragmentos do vídeo viralizado conduziu a uma publicação de 10 de março de 2024 no X, desde então restringida para maiores de 18 anos devido ao seu conteúdo violento. Na legenda, o usuário afirma: “Tentativa de homicídio. Agressor de mulher no está foragido”.

Entre comentários de indignação e revolta, uma pessoa pergunta pela identidade do homem que aparece nas filmagens. Um terceiro usuário responde com uma imagem de um cartaz, em que aparece o selo da Polícia Civil do Distrito Federal (DF), no qual se lê: “Procurado” e “Gabriel da Silva Teixeira, ameaça, dano e lesão corporal”.

Uma pesquisa por esse nome no Google levou a reportagens (1, 2) de fevereiro de 2024 sobre um caso ocorrido no dia 27 desse mês e investigado pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher I (Deam I).

Na ocasião, câmeras de segurança registraram o momento em que o homem, identificado como Gabriel Teixeira, empurra para fora de seu apartamento uma amiga de sua companheira, que aparece momentos antes confortando-a. Em seguida, ele agride violentamente a mulher, que perde a consciência. A vítima sobreviveu ao ataque e pediu medidas protetivas contra o agressor.

Teixeira, que também responde por outro processo de violência doméstica, fugiu após o que foi estabelecido pelas investigações como uma tentativa de homicídio.

Não há qualquer menção a Luís Cláudio Lula da Silva nas matérias que reportaram o caso.

A AFP já verificou anteriormente outras alegações sobre o filho do presidente.

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