Gravação em que padre critica o governo federal foi feita em 2017 durante gestão de Temer
- Publicado em 10 de abril de 2024 às 19:13
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- Por AFP Brasil
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“Padre de Ouro Preto faz duras críticas ao congresso e a Lula durante sermão na sexta-feira santa”, diz o trecho de uma mensagem compartilhada com o vídeo no Instagram, no Facebook, no X e no Kwai.
Alegação similar circula no TikTok.
Na sequência, uma multidão é vista em frente a uma igreja e é possível ouvir o sermão de um padre, que compara o povo brasileiro a Jesus Cristo e diz que a população está entre “corjas de ladrões: o Senado e o Congresso Nacional”.
O sacerdote continua: “Assim como teve lá os algozes de Jesus, nós também temos aqui os algozes do povo, principalmente na figura do seu presidente, e continua a roubarem os direitos, a crucificá-lo cada dia, mais e mais”.
Mas essas críticas não são direcionadas ao governo de Lula e tampouco são atuais.
Uma busca no Google pelos termos “padre”, “igreja”, “Ouro Preto” e “ladrões” levou a um texto do portal Rede Brasil Atual, publicado em 17 de abril de 2017, com o título “Em Ouro Preto, Igreja Católica protesta contra Temer: ‘Algoz do povo’”.
O vídeo viral ilustra o texto, que informa que mensagens contra o ex-presidente Michel Temer também foram vistas em tapetes de serragem, tradicional celebração de Páscoa, e que, duas semanas antes da gravação, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) havia se pronunciado contra algumas propostas do mandatário.
À época, a gestão de Temer discutia a reforma da Previdência e trabalhista, ao passo que enfrentava protestos.
Uma consulta com busca reversa de imagem no Google permitiu identificar que a gravação foi feita na Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, pertencente à Arquidiocese de Mariana.
Em uma foto publicada no site da Prefeitura de Ouro Preto, é possível ver os mesmos elementos na fachada da igreja e na imagem que aparece no vídeo viral:
Ao Comprova, projeto de verificação do qual o AFP Checamos faz parte, a administração da Arquidiocese de Mariana confirmou que a gravação é de 2017 e, que, por se tratar de um vídeo antigo, os atuais sacerdotes presentes na cidade não possuem mais informações sobre o assunto.
Esse texto faz parte do Projeto Comprova. Participaram jornalistas do Imirante e da Gazeta. O material foi adaptado pelo AFP Checamos.