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Faber-Castell não terá que vender kit escolar “por menos de R$ 160”; empresa alerta para golpe
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- Publicado em 8 de fevereiro de 2024 às 19:33
- 4 minutos de leitura
- Por AFP Brasil
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“Juíza do Maranhão determina que Faber Castell venda Kit Escolar por menos de R$ 160”, diz a mensagem que acompanha as postagens no Facebook.
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As publicações são acompanhadas por um link para uma suposta matéria da Folha de S.Paulo sobre o tema. Segundo a reportagem, “após perder processo, Faber Castell é condenada e deve vender 13.000 unidades de Kit de Material Escolar completo por menos de R$ 160 para todo o Brasil”.
O texto informa que a decisão teria sido tomada pela juíza Olívia Amaral Cabral Saveiro, do Maranhão, após consumidores acusarem a multinacional de propaganda enganosa. No conteúdo encontra-se ainda um suposto comunicado oficial, em que a empresa afirmaria estar seguindo “o cumprimento de preço realizado pela Justiça”.
Para adquirir os supostos kits escolares, no final da matéria é indicado clicar em uma caixa que contém a frase: “Toque para verificar disponibilidade na Faber Castell”. Ao acessar o link, o usuário é direcionado a mais um comunicado publicado em uma página que simula o portal oficial da empresa.
Reportagem falsa
Porém, a suposta reportagem não foi publicada pela Folha de S.Paulo, e a Faber-Castell não foi alvo de uma determinação judicial desse teor.
Uma busca por palavras-chave no site da Folha de S.Paulo não levou a nenhuma matéria publicada sobre o tema.
Uma nova busca, dessa vez filtrando por 2 de janeiro de 2024, data em que o conteúdo teria sido publicado, e o nome de Júlia Moura, repórter que teria assinado a matéria, tampouco levou a algum resultado.
Uma análise do material mostra que o conteúdo apresenta indícios de falsificação. O domínio utilizado para o site com a suposta matéria (“faber-castell.site”), por exemplo, não é o original da Folha de S.Paulo (folha.uol.com.br). Além disso, na reportagem viral não há peças de publicidade, nem a barra de navegação superior que existe no site do jornal, e o nome da empresa está escrito de maneira errada: “Faber Castell”, quando o correto é “Faber-Castell”, com hífen.
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Na página que simula o portal da Faber-Castell também é possível identificar inconsistências em comparação com o site oficial da empresa.
O domínio do site viralizado (“faber-castell.site”) também não é o original (lojafabercastell.com.br); os itens “Histórico de Compras” e “Atendimento” estão posicionados em locais diferentes; é cometido o mesmo erro na grafia do nome da empresa; não é possível consultar os itens ao passar o cursor do mouse pelos produtos destacados; e, do mesmo modo, faltam peças publicitárias.
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Decisão falsa
Uma busca realizada no Portal do Poder Judiciário do Estado do Maranhão (TJMA) por “Olívia Amaral Cabral Saveiro”, a suposta juíza que proferiu a decisão, também não indicou nenhuma magistrada com esse nome na região. Uma nova busca com esse nome no Google tampouco trouxe resultados.
À AFP, a Faber-Castell desmentiu as alegações. Em 5 de fevereiro de 2024, a empresa disse, por meio de um comunicado, que “vem sendo alvo de fake news", com promoções falsas sobre seus produtos. “A matéria do site da Folha de São Paulo não é verdadeira e a Faber-Castell não reconhece o comunicado”.
De acordo com a multinacional, este período do ano é mais propício para o surgimento desse tipo de desinformação, por conta da volta às aulas. No comunicado, a empresa também pede aos consumidores que procurem informações sobre seus produtos por meio dos canais oficiais da empresa.
A Faber-Castell informou, ainda, que “está tomando as medidas cabíveis para remoção dos conteúdos golpistas”.
Procurada pelo AFP Checamos, a Folha de S. Paulo não retornou o contato até a publicação desta matéria.
Conteúdo semelhante foi verificado por UOL Confere e Agência Lupa.